Um acordo entre a União Europeia e a Turquia para deportar imigrantes atualmente nas ilhas gregas de volta ao território turco deve se efetivar na manhã desta segunda-feira, mas a operação está ameaçada por falta de pessoal. A Frontex, agência de gestão das fronteiras da UE, é responsável pela implementação do acordo, mas tem menos de um décimo dos 2.300 funcionários de que precisa para fazer o trabalho.
A agência conta com os 28 Estados membros da UE para fornecer tradutores e outros funcionários para processar os requerimentos de asilo, mas estes não têm vindo, mesmo com a pior crise de refugiados que o continente enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial.
O acordo entre UE e Turquia visa controlar o afluxo em massa de pessoas para a Europa, muitos dos quais têm atravessado o Mar Egeu com a ajuda de contrabandistas. Sob o acordo, os imigrantes que entram ilegalmente na Grécia serão devolvidos à Turquia se não pedirem asilo ou se fizerem um pedido de asilo que for rejeitado. Para cada pessoa enviada de volta, os países da UE levariam uma pessoa com pedido de asilo legítimo confirmado.
O acordo originalmente deveria ter efeito imediato, em 19 de março, mas tem enfrentado atrasos devido à falta de pessoal e outros problemas. A implementação iminente do acordo e o fechamento das fronteiras europeias têm retardado o fluxo de pessoas para a Grécia, mas não o freou completamente. Nas 24 horas que antecederam as 7h30 deste domingo, 514 pessoas chegaram, de acordo com autoridades. Existem agora mais de 6.100 imigrantes nas ilhas do mar Egeu, mais da metade em Lesbos.
Giorgos Kyritsis, um porta-voz para o comitê de crise de refugiados do governo grego, disse que a Frontex tem apenas 200 funcionários para colocar para acompanhar os imigrantes deportados, mas quase nenhum que facilite o rastreio daqueles que solicitaram asilo.
Outras agências, como a agência de refugiados das Nações Unidas, tentam
ajudar os imigrantes a passar pelo processo de pedido de asilo. Muitos evitam até mesmo fazer a requisição, certos de que vão ser deportados de qualquer maneira.
A Frontex garantiu que três navios vão fazer a curta viagem a partir da ilha de Lesbos à costa turca, começando nesta segunda-feira. Eles servirão para deportar, nos três primeiros dias, cerca de 750 migrantes, principalmente do Paquistão e do Afeganistão, que não pediram asilo ou cujo pedido tenha sido recusado.
Para evitar a agitação, o número de imigrantes deportados será acompanhado pelo mesmo número de guardas de fronteira da Frontex em cada navio. “Não sabemos como essa operação irá proceder… Isso está sendo feito pela primeira vez e levanta questões legais sem precedentes também”, disse Kyritsis.
O governo grego também tem de lidar com a mais de 46 mil imigrantes e refugiados atualmente no território, mais de 20 mil dos quais vivem em campos improvisados na fronteira com a Macedônia e em Atenas.
Fonte: Associated Press