Deputados de oposição entregaram nesta quarta-feira, 25, à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação onde acusam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se valer do cargo em benefício próprio. Líderes que estiveram nesta tarde com o procurador Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral Rodrigo Janot, disseram que a PGR vai analisar “com prudência e firmeza” as informações.
No dia em que o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS) foi preso, Pelella teria dito ainda que, se entender que é o caso de pedir o afastamento de Cunha da presidência da Casa, Janot o fará “com a mesma coragem” que pediu a prisão de um senador em exercício do mandato.
Os parlamentares fizeram relatos ao procurador da suposta perseguição a deputados e servidores, de intimidação de colegas para buscar maioria para defendê-lo, de cerceamento dos trabalhos do Conselho de Ética, e enfatizaram que Janot pode contribuir pedindo o afastamento do peemedebista. “Ele (Cunha) já está atrapalhando as investigações”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
De acordo com os líderes, o Ministério Público demonstrou vontade em estudar os fatos e solicitou aos parlamentares que enviem mais informações sobre as supostas “perseguições”, afronta ao regimento interno e abuso de poder. “O chefe de gabinete do procurador-geral ficou assustado com alguns elementos que narramos, com a ousadia do presidente da Câmara no enfrentamento daqueles que se opõem a suas atitudes”, contou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
Os deputados disseram que o chefe de gabinete de Janot afirmou que os relatos apontariam para um “abuso de prerrogativa”. “Nós saímos daqui muito animados com a acolhida”, disse o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ). A representação foi assinada pelos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Rubens Bueno (PPS-PR), Alessandro Molon (Rede-RJ), Chico Alencar (PSOL-RJ), Arnaldo Jardim (PPS-PA), Paulo Foletto (PSB-ES) e Eliziane Gama (Rede-MA).
No documento, os parlamentares sugerem também punição na seara penal contra o peemedebista e alegam que a permanência de Cunha no cargo pode dificultar as investigações em curso na Operação Lava Jato. “O que se pretende demonstrar, portanto, é que a questão relativa ao afastamento cautelar do deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados deve ser analisado tendo por premissa suas condutas pregressas à frente do cargo. Seu comportamento, até o presente momento, indicou sua disposição de se utilizar do importante cargo que ocupa para rechaçar medidas investigativas e persecutórias contra sua pessoa”, diz a representação.