Estadão

Derivados aumentaram mais do que preço do próprio petróleo, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira, 31, que o choque de oferta decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia ampliou as pressões inflacionárias globais, sobretudo de energia. "O petróleo subiu, mas temos um problema maior – o <i>crack spread</i> – de que os preços dos derivados do petróleo aumentaram mais do que o preço do próprio petróleo. Além desse problema, o Brasil ainda teve um problema hídrico que afetou os preços da energia elétrica", disse, em audiência pública extraordinária na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.

E destacou: "Os preços de Brent e do gás natural estão muito altos, mas os preços de commodities minerais começam a desacelerar. No Brasil, a inflação ao produtor tem caído e está mais perto da média mundial."

Essa é a primeira participação presencial de Campos Neto em uma comissão do Congresso Nacional desde o início da pandemia. No entanto, ao iniciar a sua fala, havia quórum de apenas dois parlamentares no plenário da comissão.

Mais uma vez, ele destacou que o Brasil tem oportunidades no redesenho das matrizes globais de valor, enquanto os países centrais buscam por maior segurança alimentar e energética.

O presidente do BC voltou a afirmar que, ao contrário do que os bancos centrais e os governos acreditavam, a inflação não foi temporária. "Todo o dinheiro que foi colocado em circulação no mundo durante a pandemia – US$ 9 trilhões – gerou um impulso muito grande no consumo. As pessoas passaram a consumir menos serviços e passaram a consumir mais bens, o que levou a uma inflação de bens no mundo. E o aumento da demanda por bens também traz uma pressão no consumo de energia", repetiu. "As economias reabriram, mas a demanda por bens não voltou, não diminuiu", completou.

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