Economia

Desaceleração da economia leva BTG a reavaliar propostas

Em uma estratégia agressiva, o BTG Pactual reinou absoluto, sobretudo entre 2010 e 2012, com a compra de participações nas mais variadas empresas e setores por meio de fundos e aportes diretos do banco. Com quase US$ 13 bilhões em empreendimentos sob gestão, o BTG surfou na onda do robusto crescimento brasileiro.

Assim como boa parte dos fundos de private equity, o BTG colocou dinheiro em setores diversos da economia na expectativa de engordar o ativo, levá-lo à Bolsa ou vendê-lo quando o lucro fosse maturado.

Mas o vento virou e os indicadores econômicos começaram a embicar para baixo. “Os fundos que concentraram suas aquisições com base na macroeconomia, como fez o BTG, têm hoje dificuldade maior para digerir ou desinvestir do negócio”, disse o gestor de um fundo concorrente.

Nesses últimos meses, a área de merchant banking do BTG, que faz a gestão de fundos de private equity, de infraestrutura, imobiliários, florestas e recursos naturais, com recursos próprios e de terceiros, tem reestruturado parte de suas empresas, reduzido a exposição em negócios pouco atraentes e elevado as apostas em atividades consideradas resilientes.

A Brasil Pharma, terceira maior rede de farmácia do País, é considerada pelo mercado um dos exemplos mais emblemáticos de uma aposta que tinha tudo para dar certo, mas desandou. De acordo com fontes, problemas envolvendo a integração das várias redes adquiridas e o mau gerenciamento de estoque levaram o BTG a promover uma reestruturação profunda na companhia, que poderá ser vendida.

Fontes também afirmam que a Leader, varejista voltada para classe C, que no ano passado comprou a Seller, também estaria enfrentando dificuldades, e negócios ligados a óleo e gás estão com baixa performance. A Estre, líder em tratamento de resíduos, aguarda um aumento de capital de R$ 500 milhões do FI-FGTS para voltar a expandir.

Valorização

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Carlos Fonseca, sócio do BTG e responsável pela divisão de merchant banking, disse que a estratégia atual para os ativos de private equity do banco é gerar valor nos negócios já investidos. Não há planos, no curto prazo, de novas aquisições. “A Leader é um bom negócio. O varejo é que não passa por um bom momento”, rebate.

O banco prospecta oportunidades de aquisição e crescimento orgânico em outros empreendimentos no qual tem participação. É o caso de ativos florestais, com US$ 3 bilhões sob gestão. Um dos maiores gestores mundiais de florestas, com 716 mil hectares, o banco acredita que há oportunidades no Brasil.

A estratégia para a área imobiliária, antes focada em empreendimentos comerciais no Brasil, está agora mais voltada para empreendimentos residenciais. “Na América Latina, é diferente. Enxergamos oportunidades na Colômbia, onde já compramos um imóvel comercial.”

Em infraestrutura, o banco continua olhando negócios no Brasil e na América Latina, sobretudo Chile, Peru e Colômbia, onde já opera com ativos em energia. Nessa área, também já fez investimentos na Espanha, onde atua em duas concessões desde 2012. Em uma delas, capta e faz tratamento de água da região da Catalunha. Na outra, administra dois túneis nessa mesma região. “Foram investimentos de oportunidade, considerando que àquela época o país passava por uma crise”, diz Fonseca.

Sob o guarda-chuva da divisão de recursos naturais, que incluem a B&A, empresa de mineração e fertilizante em sociedade com Roger Agnelli, e empresas de exploração de óleo e gás, os aportes se dividem dentro e fora do País. Um dos últimos movimentos nesse sentido foi a formação de uma joint venture com a Petrobrás ano passado, para criar a Petro-África, na qual desembolsou US$ 1,5 bilhão, para explorar óleo e gás no continente africano.

No balanço do segundo trimestre, contudo, o banco teve perdas de R$ 347 milhões com a Petro-África, após duas perfurações malsucedidas na região este ano. Isso pesou no resultado da divisão de merchant banking, que registrou prejuízo de R$ 74 milhões. Apesar das perdas, o banco reafirmou que se mantém satisfeito com esse investimento.

Investir em empresas não é um mau negócio para o BTG. Pelo contrário. Em 2015, o banco pretende captar US$ 1,5 bilhão para voltar a investir em private equity no Brasil. Outros fundos seguem a mesma toada. Apesar do desencanto com a economia, os fundos acreditam que o Brasil está barato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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