Rodrigo Poggian nasceu em Florianópolis. Na infância, achou um violão em um guarda-roupa em casa e, pronto, a música não lhe deixou mais. Com o tempo, iniciou os estudos de viola e, depois da faculdade, mudou-se para São Paulo – onde integra a Orquestra Sinfônica Heliópolis e o Quarteto Amaetê, criado com colegas do Instituto Baccarelli. Em janeiro, participou do 1º Encontro Campestre de Violas. “Foi um aprendizado muito intenso, pelas aulas, mas também pelas conversas e pelas palestras”, garante.
Os temas foram dos mais variados – e incluíam, além de questões musicais, o momento do mercado musical. “É uma preocupação geral da minha geração. Tem tanta gente boa se formando e fica a pergunta: onde esse pessoal todo vai tocar, ainda mais quando levamos em consideração o encolhimento recente de verbas para essa área. Eu sinto que não há uma resposta pronta, mas ela precisará ser construída de maneira coletiva, ao longo do tempo”, diz ainda.
Não por acaso, a música de câmara coloca-se como caminho – tanto profissional, alternativo à vida em uma orquestra, como filosófico – em projetos como esses. “Em sua essência, a música de câmara é um diálogo musical no qual todo artista é ouvido e tem responsabilidades”, acredita Jennifer Stumm. “À medida que entramos em nosso quinto ano, acredito cada vez mais nessa troca. A nossa questão, no final das contas, era saber se o contato humano seria capaz de produzir resultados artísticos novos e estimulantes. E a resposta é um poderoso sim. Quase 40 jovens que trabalharam conosco hoje estão estudando em escolas importantes mundo afora.” O Ilumina segue como um projeto gerido por músicos, mas já estuda a ampliação das atividades para além do festival: recentemente, uma residência foi realizada por Stumm e o contrabaixista Pedro Gadelha, da Osesp, em La Paz, na Bolívia. “Temos planos para novas residências até 2021, tanto na América Latina como nos Estados Unidos e na Inglaterra. No festival de Mantova deste ano, o Ilumina foi escolhido como um dos cinco maiores projetos de música de câmara, para participar de concertos, palestras e debates sobre que cara o futuro da música clássica pode ter”, afirma a violista.
“Nunca foi fácil a vida do músico de concerto no Brasil, mas uma questão muito importante hoje é o que esses jovens profissionais vão fazer a esse respeito, em especial sem depender apenas do poder do Estado”, afirma Gustavo DIppolito. “Essa nova geração está se formando com bons professores e a internet torna o processo ainda mais interessante, pois você tem acesso a muita informação. Ninguém hoje engole qualquer coisa. E isso é muito bom. Ao mesmo tempo, apesar dos cortes recentes, houve uma descentralização no Brasil, com orquestras se formando e levando a música clássica a novos centros. É preciso entender o momento e o papel que você pode desempenhar nele.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.