Após ser retirada de sua casa pela Defesa Civil, a dona de casa Nelci Vieira da Silva, 41 anos, junto com seus filhos, um menino de nove e uma jovem de 21 anos, esta com paralisia cerebral, aguarda por assistência da Prefeitura há dois anos.
Atualmente morando em uma casa invadida, no Recreio São Jorge, a guarulhense vive o drama de quem esperava por melhores condições de moradia para a locomoção de sua filha que, após ser infectada por uma meningite bacteriana, teve uma paralisia cerebral como sequela.
Início – Nelci conta que, em 2008, pediu ajuda à professora Eneide, hoje vereadora, durante a sua campanha, para que pudesse construir um cômodo com banheiro para facilitar às saídas com a filha para o tratamento médico. "Ela prometeu que me ajudaria de alguma forma".
A então candidata petista teria solicitado à Assistência Social que averiguasse a situação da família, a qual posteriormente recebeu a Defesa Civil, que julgou necessária a desocupação do imóvel. "Afirmaram que a casa não era adequada, então me disseram que eu teria nova moradia, mas, teria que ficar um tempo em um abrigo", explica Nelci, que aceitou a condição na esperança de melhorias. "Mas, desde minha saída de casa só foram piorando os problemas".
Meio – Nelci afirma que durante boa parte dos oito meses que permaneceu com os filhos em um abrigo, localizado no bairro Flor da Montanha, teve que compartilhar espaço com usuários de drogas e alcoólatras, além de passar a ser pressionada para desocupar o local. "Informaram que eu teria que sair, pois o abrigo era para instalações em prazos curtos".
Situação Atual – Sofrendo com a situação no abrigo, a dona de casa resolveu alugar uma casa, porém, não podendo arcar com as despesas, contando apenas com os R$ 510 que recebe por conta da deficiência intelectual da filha, viu-se obrigada a morar com um irmão em uma casa invadida.
O percurso entre a entrada e a residência conta com quase trinta degraus, além de cerca de 20 metros de ladeira em barro, que permanece escorregadia mesmo em dias sem chuva. "É um sofrimento imenso", frisa Nelci. Ela conta que para locomover a filha até a rua, em dias de consulta médica, precisa amarrá-la a uma cadeira de balanço para transportar ao longo do percurso da ladeira, e levá-la nos braços para descer as escadas. "Estou, inclusive, com problemas na coluna e no joelho por causa disso".
Com a dificuldade de locomoção, a família fica impedida, inclusive, de sair para passeios. "Não podemos ao menos levá-la a um parque ou à igreja e não sabemos quando teremos auxílio habitacional. É lamentável", diz Nelci.