A administração do presidente Jair Bolsonaro é considerada ruim ou péssima por 48% dos moradores da capital paulista, segundo sondagem do Ibope resultante de parceria entre o instituto de pesquisas, o jornal O Estado de S. Paulo e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Os que consideram a gestão ótima ou boa são 25%, e os que optam pelo conceito regular são 26%.
O Ibope também mediu os níveis de satisfação e insatisfação dos paulistanos em relação às administrações do governador João Doria e do prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB. No caso de Doria, as opiniões negativas chegam a 44%. Já o trabalho do prefeito é visto como regular pela maior parcela dos habitantes da cidade (45%).
A desaprovação ao presidente não apenas é alta, mas também extremada: 40% dos paulistanos consideram a gestão péssima, e apenas 8% a veem como ruim. Ou seja, no universo dos eleitores insatisfeitos, oito em cada dez dão ao governo a pior avaliação possível.
O resultado da pesquisa foi colhido em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, e já mede a reação dos paulistanos às primeiras medidas do presidente e de seus auxiliares no enfrentamento do problema.
O fato de a desaprovação ao governo estar alta em São Paulo deve ser preocupante para o presidente porque a cidade concentra parte significativa de seus eleitores, e porque o desgaste pode ser um indicador do que acontece em outros redutos. No primeiro turno da disputa presidencial de 2018, Bolsonaro teve 2,8 milhões de votos na capital paulista, quase 1,5 milhão a mais do que o segundo colocado, Fernando Haddad (PT). Em porcentuais, o resultado foi 45% a 20%. No segundo turno, Bolsonaro venceu com o voto de seis em cada dez paulistanos.
O Ibope não fez outras pesquisas recentemente sobre a avaliação do governo federal entre a população de São Paulo. Por isso não é possível saber exatamente o quanto o desgaste aumentou nos últimos meses.
<b>Segmentação</b>
A desaprovação à administração federal é mais concentrada entre as mulheres, os jovens e os mais pobres.
A divisão do eleitorado por gênero revela uma grande disparidade na percepção sobre o desempenho do governo. Enquanto 47% do eleitorado feminino vê o governo como péssimo, a taxa é de apenas 31% entre os homens. Somadas as avaliações "péssima" e "ruim", o resultado chega a 56% entre mulheres e 38% entre os homens – diferença de 18 pontos porcentuais.
Na segmentação por idade, a gestão é considerada péssima ou ruim por 55% dos eleitores de 16 a 24 anos, e por 39% dos que têm 55 anos ou mais. Em nenhuma faixa de idade a avaliação positiva supera a negativa.
<b>Renda</b>
Na base da pirâmide de renda, a maioria absoluta avalia o governo negativamente. Entre os eleitores que têm renda familiar de até um salário mínimo, 56% consideram a gestão péssima ou ruim, e apenas 15% a veem como boa ou ótima.
Até no eleitorado de renda mais alta, um reduto bolsonarista, a avaliação negativa supera a positiva – embora a distância entre as taxas seja menor. Dos que ganham mais de cinco salários mínimos, universo em que se encontram dois em cada dez moradores da cidade -, 32% consideram o governo bom ou ótimo, e 39% o veem como ruim ou péssimo.
<b>Governos locais</b>
A desaprovação ao governador João Doria está em nível similar à de Bolsonaro na capital (44%, em empate técnico com os 48% do governo federal). A diferença é que, no caso do governador, as opiniões não estão tão concentradas no quesito "péssimo" (29%), embora essa avaliação ainda fique à frente da opção "ruim" (17%).
A avaliação negativa de Doria é maior entre os mais escolarizados, abrangendo quase metade do contingente com curso superior. Não há diferenças significativas de opinião nos distintos segmentos de gênero, idade e renda.
Já a gestão do prefeito Bruno Covas é considerada boa ou ótima por 20%, regular por 45% e ruim ou péssima por 32%. Não há variações significativas conforme a segmentação do eleitorado.
O Ibope ouviu 1.001 eleitores de 16 anos ou mais entre os dias 17 e 19 de março. O nível de confiança utilizado é de 95% – ou seja, há 95% de chances de os resultados ficarem dentro da margem de erro, que é de três pontos porcentuais para mais ou para menos. O levantamento foi contratado pela Associação Comercial de São Paulo.
<b>Saúde</b>
Em plena pandemia do novo coronavírus, a maior parte dos paulistanos considera a saúde a área mais problemática da cidade. Segundo a pesquisa Ibope encomendada pela Associação Comercial de São Paulo e publicada em parceria com o Estado, 47% citam o setor como aquele em que a população enfrenta os maiores problemas.
Em um distante segundo lugar aparece o transporte coletivo (14%). Empatadas tecnicamente, a segurança pública e a educação vêm a seguir, com 9% e 7%, respectivamente.
Os entrevistados pelo Ibope puderam escolher as áreas mais problemáticas em uma lista de 20 itens. Considerando não apenas o primeiro item escolhido, mas também o segundo e o terceiro, a saúde novamente fica em primeiro lugar, aparecendo em 75% das respostas. Nesse caso, porém, a educação (44%) e a segurança (38%) ultrapassam o item transporte coletivo (33%).
Dados da pesquisa sobre as preferências eleitorais dos paulistanos, divulgados no domingo, animaram alguns pré-candidatos. "Não é o momento de discutir eleição, mas a pesquisa consolida o nome de Bruno Covas e deixa claro que não há um plano B para o PSDB", disse o secretário da Civil da Prefeitura, Orlando Faria, um dos mais próximos auxiliares do prefeito tucano, que registrou 18% das intenções de voto, atrás apenas do deputado Celso Russomanno (Republicanos), com 24%. Procurado, Russomanno não se manifestou.
Com 9% das intenções de voto, o ex-governador Márcio França (PSB) previu uma polarização. "São Paulo é tão forte que cria uma polarização em relação ao Brasil", afirmou.
Já Guilherme Boulos, do PSOL, que recebeu 6% das intenções de voto, disse: "Não é o momento de pensar em eleição, mas ser o nome mais bem posicionado na esquerda é gratificante", afirmou. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>