O desastre no Estado do Rio Grande do Sul, que permanece há semanas às voltas com alagamentos, derrubou a confiança do consumidor brasileiro em maio, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O abalo foi provocado via deterioração das expectativas, uma vez que a avaliação sobre o momento atual ficou estável.
Após duas altas consecutivas, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 4,0 pontos em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, descendo a 89,2 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice diminuiu 0,2 ponto.
"A piora da confiança do consumidor foi influenciada apenas pela piora das expectativas para os próximos meses, enquanto a percepção sobre a situação atual ficou estável em patamar desfavorável. O resultado mais que devolve as altas dos últimos dois meses, levando o indicador para o menor nível desde abril do ano passado (87,5 pontos). A forte queda nas expectativas foi, principalmente, influenciada pelo desastre ambiental no Rio Grande do Sul, com impactos nas condições de vida dos cidadãos e incertezas em relação à economia local", avaliou Anna Carolina Gouveia, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em maio, o Índice de Situação Atual (ISA) ficou estável em 80,6 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) encolheu 6,7 pontos, para 95,5 pontos, menor nível desde dezembro de 2022.
Entre os componentes, o item que mede o ímpeto de compras de bens duráveis deu a maior contribuição para a queda da confiança no mês, com recuo de 8,3 pontos, para 78,8 pontos, menor nível desde outubro de 2022. As perspectivas para as finanças futuras das famílias caíram 6,1 pontos, para 100,1 pontos, e as avaliações sobre a situação futura da economia reduziram 4,7 pontos, para 108,3 pontos.
Quanto aos componentes que avaliam o momento atual, o item que mede a satisfação sobre a situação econômica ficou estável em 92,3 pontos, enquanto a percepção dos consumidores sobre a situação financeira das famílias cresceu 0,1 ponto, para 69,3 pontos.
A abertura da pesquisa por faixas de renda mostrou piora da confiança nos quatro grupos pesquisados. O índice passou de 90,1 pontos em abril para 87,2 pontos em maio entre as famílias com renda até R$ 2.100, queda de 2,9 pontos, enquanto as famílias com rendimentos entre R$ 2.100,01 até R$ 4.800 tiveram redução de 4,5 pontos na confiança, de 87,7 pontos para 83,2 pontos.
O indicador encolheu de 95,8 pontos para 93,6 pontos para famílias com renda entre R$ 4.800,001 e R$ 9.600, recuo de 2,2 pontos, e caiu de 95,5 pontos para 92,8 pontos, recuo de 2,7 pontos, no grupo com renda acima de R$ 9.600,01.
A Sondagem do Consumidor coletou entrevistas entre os dias 1º e 22 de maio.