Não passou uma semana do ano novo sem mais um ministro da presidente Dilma Rousseff aparecer envolvido em mais um escândalo. O nome da vez é Fernando Bezerra, responsável pela pasta de Integração Nacional. Não será de se estranhar que este seja o oitavo nome do primeiro escalão a perder o cargo, ja no início deste 13º mês de governo. Diferente de seus antecessores que deixaram o cargo, acusados de envolvimento em esquemas de corrupção, Bezerra tem contra si uma série de números.
Como titular da Pasta, foi responsável por destinar o maior número de recursos para obras antienchentes “coincidentemente” para seu estado de origem, Pernambuco. Em sua defesa, uma fala curiosa. “Meu estado não pode ser discriminado por causa de mim”. Ora, ele tem razão. Porém, em momento algum apresentou qualquer argumento que justificasse o fato de Pernambuco liderar as verbas, recebendo muito mais dinheiro que outras regiões escancaradamente mais necessitadas.
Rio de Janeiro, por exemplo, que viveu no ano passado a maior tragédia natural da história do Brasil, quando quase 900 pessoas morreram na tragédia ocorrida em janeiro na região serrana daquele estado, ficou fora da destinação de verbas da Integração Social. Alagoas, que em 2010, sofreu muito mais do que Pernambuco com as cheias que atingiram a região Nordeste, recebeu bem menos que o estado do ministro.
No Orçamento previsto para 2012, as mesmas distorções podem ser constatadas. Não se trata, portanto, como gostam de difundir os governistas, de mais um golpe da mídia, de denúncias vazias para desestabilizar o governo de Dilma Rousseff.
Lamenta-se apenas constatar mais uma vez que as verbas federais, que deveriam ser utilizadas para o bem geral, acabam sendo usadas politicamente por quem detém a caneta. Isso, infelizmente, parece ter se tornado regra, em vez de exceção. Não que Pernambuco e seu povo não mereçam receber tais recursos. Aliás, o estado não pode ser discriminado, como atesta o ministro. Porém, em uma democracia, a transparência na destinação dos recursos públicos deve prevalecer sempre. Neste caso, evidencia-se a distorção.