O desmatamento da Amazônia foi de 42 quilômetros quadrados em fevereiro de 2015, um aumento de 282% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram devastados 11 quilômetros quadrados. Os números são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), mantido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O SAD produz um monitoramento não oficial da Amazônia Legal – área que se estende por mais de 5 milhões de quilômetros quadrados em 9 Estados – e tem seus dados divulgados mensalmente.
De acordo com o boletim do Imazon, em fevereiro o desmatamento se concentrou em Mato Grosso (37%), Roraima (28%), Amazonas (16%), Pará (14%) e Rondônia (5%). Os municípios mais desmatados foram Porto dos Gaúchos (MT) e Vitória do Xingu (PA).
A maior parte da destruição ocorreu em áreas privadas: 79%. O restante foi registrado em assentamentos de reforma agrária (18%), unidades de conservação (2%) e terras indígenas (1%).
A devastação acumulada nos sete primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento – entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015 – chegou a 1.702 quilômetros quadrados. O aumento foi de 215% no período anterior, quando foram desmatados 540 quilômetros quadrados.
Entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015, o Mato Grosso desmatou 595 quilômetros quadrados, o que corresponde a 35% de toda a área devastada. O Pará desmatou 433 e Rondônia 342 quilômetros quadrados, o que corresponde, respectivamente, a 25% e 20% da área florestal destruída.
Além dos dados sobre o corte raso, o boletim inclui os números sobre florestas degradadas – aquelas que não foram inteiramente suprimidas, mas foram intensamente exploradas ou atingida por queimadas. Em fevereiro, as florestas degradadas somaram 49 quilômetros quadrados – o que representa uma redução de 2% em relação a fevereiro de 2014, quando foram registrados 50 quilômetros quadrados de florestas degradadas.
Os dados obtidos pelo SAD em fevereiro têm limitações, já que mais da metade da área florestal da Amazônia Legal (59%) estava coberta por nuvens e, portanto, fora do alcance dos satélites. Em fevereiro de 2014, a cobertura de nuvens foi ainda maior, deixando 69% da área inacessível ao monitoramento. O boletim do Imazon destaca que, por causa dessas condições, os dados de desmatamento e degradação florestal para fevereiro podem estar subestimados.
O SAD utiliza imagens dos mesmos sensor e satélite empregados pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que fornece ao governo federal as informações sobre as novas áreas de desmatamento na Amazônia. As metodologias utilizadas pelo Inpe e pelo Imazon, porém, são diferentes – o que explica eventuais disparidades entre os resultados dos dois sistemas.