Saúde

Desnutrição aflige nações em todo o mundo

Problema pode ter desdobramentos físicos e mentais se levado ao extremo

A desnutrição é caracterizada por um desequilíbrio ou uma deficiência de nutrientes no organismo, devido à falta relativa de proteínas, carboidratos, gorduras e micronutrientes. É comum, sobretudo, na infância, por conta do desmame precoce, da higiene precária na preparação dos alimentos, do déficit específico em vitaminas e minerais na dieta e da incidência repetida de infecções, principalmente doenças diarréicas e parasitoses intestinais.

No Brasil, prevalece a carência de micronutrientes, chamada de fome oculta, que afeta um terço da população mundial. A deficiência é conhecida por se instalar de forma silenciosa, sem apresentar sinais clínicos aparentes, e está relacionada principalmente às deficiências de ferro, zinco, iodo e vitaminas. O mal é capaz de causar danos relevantes à saúde, aos sistemas de saúde e à sociedade.

O cenário é preocupante. Recentemente, a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 (POF), do IBGE, revelou que a proporção de inadequação de vitamina A varia entre 63% em meninas de 10 a 13 anos e 82% nos homens de 14 a 18. Além disso, a maioria dos brasileiros apresenta inadequação superior a 98% no caso das vitaminas D e E. Isso faz a dieta da população rica em colesterol e pobre em vitaminas, gerando o aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, cardiopatias, diabetes, hipertensão, câncer.

A fome e a desnutrição são fatores que impedem o desenvolvimento econômico e social de comunidades e grandes nações. Na opinião da nutricionista e doutoranda em Nutrição Humana aplicada, Maria Fernanda Elias, os excessos e erros alimentares podem ser evitados por meio de educação nutricional nas escolas. "A desnutrição é a segunda causa de morte em menores de cinco anos nos países em desenvolvimento, afetando todos os sistemas e órgãos das crianças gravemente doentes", afirma a especialista.

Há necessidade de se aumentar o consumo de frutas, verduras, legumes, cereais integrais e produtos lácteos. Já no caso da fome oculta, são essenciais oas programas de fortificação de alimentos, bem como a suplementação para combater a deficiência de micronutrientes.

Em um inquérito realizado em 70 hospitais do mundo, constatou-se que muitos profissionais de saúde desconhecem a conduta adequada para o tratamento de crianças gravemente desnutridas e a falta de recursos ainda é predominante em alguns centros. Entre as práticas inadequadas de tratamento, estão incluídas a reidratação inadequada, que leva à sobrecarga e falência cardíaca, falta de reconhecimento de infecções, hipotermia e hipoglicemia.

De modo geral, a desnutrição infantil resulta no retardo do crescimento, subdesenvolvimento físico e mental e aumento da mortalidade. A doença, em estágio avançado, afeta todos os sistemas e órgãos de indivíduos. Em longo prazo e sem o tratamento adequado, pode ocorrer a falência múltipla dos órgãos. Já nos adultos, as maiores conseqüências são letargia, diminuição da capacidade física e reprodutiva, declínio da função cognitiva e debilidade imunológica.

Fome aringe 10 milhões de pessoas na África

Os países do nordeste africano enfrentam uma crise de fome. Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, em inglês), revelam que as maiores causas estão relacionadas aos efeitos combinados da seca com a inflação e os conflitos locais, criando uma situação catastrófica. De acordo com a ONU, a fome generalizada na região afeta 10 milhões de pessoas. Apenas na Somália, pelo menos 29 mil crianças já foram atingidas.

Posso ajudar?