Cidades

Desocupação de área no Campo da Paz causa Pânico e confusão

Moradores não se conformaram em ver suas casas derrubadas pela Prefeitura

A demolição de imóveis no loteamento Campo da Paz, no Jardim Paraíso, nesta segunda-feira, pela Prefeitura terminou com três casas demolidas e pessoas feridas. Um homem teve os pulsos cortados, crianças choravam após serem atingidas com spray de pimenta disparado pela Guarda Civil Municipal (GCM) e uma mulher desmaiou durante a ação. A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos suspendeu as demolições temporariamente.

O Campo da Paz possui 106 lotes, porém não havia a liberação para a construção de residências no local. O terreno pertencia a um particular e foi vendido à Associação de Moradores do Conjunto Habitacional Unidos pela Terra. A área precisa da desapropriação de um terreno próximo dali e a Prefeitura, por recomendação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual (MPE) não pode permitir a construção de residências sem a aprovação do loteamento.

Por volta das 8h chegaram ao local um procurador com dois tratores e a GCM. Duas casas foram demolidas. Os moradores fizeram um cerco para tentar impedir a derrubada da terceira residência, mas foram retirados pelos guardas civis com empurrões e spray de pimenta. No meio da confusão, o secretário de Assuntos Jurídicos Severino José da Silva Filho mandou o procurador suspender a ação.

O ajudante geral Paulo Henrique dos Santos, 27 anos, cortou os pulsos ao dar socos nos vidros das janelas quando viu tratores chegando próximos a sua casa. Ele mora no local há quatro meses junto com a mulher Sidnéia da Silva Gomes, 24, e dois filhos. Santos foi levado ao Pronto Atendimento Paraíso e recebeu alta. A filha de 5 anos foi atingida com spray de pimenta nos olhos, o que causou a revolta de Sidnéia. "De que adianta pagar em dia e passar por uma situação dessas. A GCM atingiu a minha filha", diz.

O ex-vereador Edson Albertão acompanhou a ação da GCM, sofreu empurrões e desafiou os guardas. "O procurador não possuía uma determinação judicial. Não chamaram assistentes sociais, ambulância ou o conselho tutelar", afirma. A vice-presidente da associação, Maria Aparecida de Oliveira, teme que ocorram novas demolições.

Secretário de assuntos jurídicos afirma que tentará impedir demolições

O secretário municipal de Assuntos Jurídicos, Sererino José da Silva Filho, promete tentar encontrar uma brecha jurídica que permita a manutenção das 24 residências que sobraram no loteamento Campo da Paz, na região do Jardim Paraíso. Contudo, ele afirma que as casas serão demolidas se não houver solução para o problema.

Segundo Filho, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano fez levantamento em que garantiu que as casas construídas invadiram lotes de outras pessoas, o que comprometia a regularização de toda a área. "O pessoal construiu sem a anuência da associação, do poder público ou dos proprietários. Eles assumiram o risco", afirma.

Em relação a ausência de conselheiros tutelares, ambulâncias e assistentes sociais durante a ação de ontem, o secretário diz que todos os órgãos foram notificados e que há entendimento judicial que permite a ocorrência de demolições sem a presença desses entes. A Guarda Civil Municipal (GCM) não se pronunciou sobre a suposta truculência na operação de ontem.

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