A desorganização na gestão da crise sanitária no Brasil tem sido um enorme motivo de preocupação dos investidores externos, segundo avaliação de Erminio Lucci, presidente da BGC Liquidez. A empresa, ligada a uma das maiores corretoras independentes do mundo, movimenta diariamente cerca de R$ 500 milhões no Brasil e é responsável por mais de 1 milhão de contratos futuros por dia, diz.
Para Lucci, essa desorganização se manifesta pela falta de entrosamento entre as autoridades no enfrentamento à crise da pandemia do novo coronavírus no País. "Essa política fragmentada é muito ruim. Não temos um centro de comando unificado", diz Lucci. A previsão de Lucci é de uma queda do PIB superior a 5% em 2020 em linha com a projeção do Banco Mundial.
Com a pandemia acelerando no Brasil, o que levou o presidente americano, Donald Trump, a comentar que pode suspender os voos do Brasil para os Estados Unidos, os investidores estrangeiros, e os locais, estão apostando muito mais na recuperação do mercado norte-americano do que no brasileiro. "Há um receio de se tomar risco no Brasil, nem o investidor local nem o estrangeiro estão com apetite", afirma.
O pacote de socorro de R$ 120 bilhões aos Estados e municípios na crise sanitária e os acenos do presidente Jair Bolsonaro ao ministro da Economia, Paulo Guedes, trouxeram alguma calmaria ao mercado, avalia ele, que acha as medidas ainda insuficientes. "O reempoderamento do ministro Paulo Guedes acalmou temporariamente, mas o risco dos ativos no País continua muito alto. Quando o (ex-ministro Sergio) Moro saiu do governo, chegamos a um patamar perigoso", diz Lucci.