Na semana passada, acompanhamos virtualmente a edição de número 51 da São Paulo Fashion Week (SPFW), um dos maiores eventos de moda do Brasil que, pela segunda vez, ocorreu em um formato digital, com apresentações e desfiles gravados e transmitidos pelas redes sociais do evento e também nos canais das mais de 40 marcas que integraram o line-up. Entre as tendências que pudemos observar, uma se destaca absoluta: roupas com formas amplas que trazem liberdade para o corpo e permitem com que ele respire e se mova sem restrições, uma reação poética da moda ao período de confinamento que vivemos durante o último ano.
O filme Sopro, de Flavia Aranha, que é conhecida por seu trabalho com sustentabilidade e por seus tingimentos naturais, mostra a moda, as mulheres e a natureza coexistindo de forma harmônica e simbiótica. As peças, feitas de algodão, linho, seda e lã naturais e orgânicas, foram criadas a partir de tecidos residuais acumulados pela marca durante o período de pandemia, que agora ganham um novo propósito. Os destaques são os vestidos vaporosos, que fluem ao vento criando formas e desenhos hipnóticos.
Nesta temporada, quem também aumentou o volume, literalmente, foi Juliana Jabour. A estilista uniu elementos de streetwear, que são característicos de seu trabalho, com laços, babados e mangas bufantes extravolumosas, adicionando uma dose extra de romantismo à moda urbana. A coleção expressa otimismo, e fala sobre um sentimento de que coisas boas acontecerão num futuro próximo, com formas amplas que podem ser lidas como uma vontade de expansão, um desejo de sairmos do casulo, libertos e vestidos a caráter para esta nova fase que se aproxima.
A poesia das formas também encantou na apresentação Sonar, de Rafaella Caniello para a sua Neriage. "Essa é a primeira coleção (ou história, como gosto de chamar), que não fala sobre pessoas, relações ou movimentos. Achei que não faria sentido falar de algo que não fosse o sentimento de saudade e a intimidade que desenvolvemos com os objetos e barulhos ao nosso redor. Ou mesmo a liberdade que inventamos ao dançar na nossa casa e correr em pensamento", conta a diretora criativa. A marca, que a cada temporada encanta as brasileiras com suas peças plissadas e repletas de movimento, mostra ainda uma primavera-verão 2022 com mais leveza e suavidade. É como se as roupas ganhassem vida quando estão em movimento, abraçando o corpo, sem restringir.
Outro destaque desta edição da SPFW foi a Aluf. Aqui, a suavidade e a sensação de liberdade vêm nos materiais naturais e na cartela de tons claros. A marca propõe um jogo entre peças mais ajustadas, que representam nossas casas, em contraponto a modelagens amplas que se moldam a quem as veste. Um jogo interessante e muito contemporâneo que espelha nossa realidade durante a pandemia e que mostra como a moda incorpora o conforto, que se tornou tão importante, sem perder o estilo e a personalidade.
As pantalonas, vestidos amplos e mangas maxi deixaram sua marca nesta SPFW. Um reflexo da sociedade que se prepara para voltar às ruas com um novo pensamento e desejo máximo de libertação. Os volumes falam alto e a mensagem é clara: queremos espaço. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>