Economia

Desvalorização do real mantém a competitividade do milho nacional

A desvalorização do real mantém a competitividade do milho brasileiro no exterior e o produto ganha espaço em relação ao cereal produzido nos Estados Unidos. Segundo levantamento da INTL FCStone, apresentado ao Broadcast Agro, serviço em tempo real da Agência Estado, o grão nacional chega ao Japão, principal importador de milho do mundo, a R$ 2,39 a tonelada menos do que o do cereal dos Estados Unidos. O cálculo leva em consideração as cotações da última sexta-feira (28) na Bolsa de Chicago, a taxa de câmbio do dia, frete (interno e marítimo) dos dois países para o Japão e os custos portuários para produto exportado a partir de Sorriso (MT). “Quanto maior a taxa de câmbio, mais a competitividade brasileira melhora”, disse ao Broadcast a analista de milho da consultoria, Ana Luiza Lodi. “No momento, a vantagem não é tão significativa (a despeito da taxa de câmbio), porque o preço do milho também está mais elevado no mercado interno.” A moeda americana acumula ganhos de 36,84% no ano. Há pouco, avançava 1,07% a R$ 3,6720.

Outros estudos também apontam que o preço de milho no Brasil está sustentado. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a cotação do grão colocado no porto de Paranaguá (PR) é a mais alta desde março de 2014. Na comparação, o Cepea usa como referência a cotação da saca de 60 quilos da quinta-feira (27), que fechou a R$ 31,02 para embarque imediato. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informa que a média das cotações do milho no mercado disponível ficou 35,8% maior em julho deste ano (R$ 15,25/saca), ante igual período no ano passado.

Conforme Ana Luiza, a valorização interna não deve prejudicar os embarques e o grão brasileiro pode até “roubar” espaço do norte-americano no mercado global nos próximos meses. “Essa possibilidade existe, tanto que já configura uma preocupação para os produtores dos EUA, mas não é possível prever quanto”, disse Ana Luiza. Nesta competição, Ana Luiza enfatiza que o principal fator de influência é realmente o preço. “Quanto à qualidade, não há diferença”, reforça. A analista afirma que, apesar de existir alguma preocupação com possíveis problemas de logística no Brasil (que é menos eficiente que os EUA nesse aspecto), essa questão não deve trazer maiores prejuízos às exportações.

Os embarques de milho do Brasil para o exterior até a terceira semana de agosto, no entanto, foram mais fracos (1,41 milhão de toneladas) do que os registrados em igual período no ano passado (2,46 milhões de toneladas), de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/MDIC). “Mesmo com esse nível ainda mais fraco, acredito que os embarques devem ganhar força sim, favorecidos pelo câmbio, podendo alcançar esse volume mais elevado. Observa-se que os line ups nos portos estão bastante elevados, o que indica que as exportações devem crescer”, acrescentou Ana Luiza. A INTL FCStone estima que o Brasil deverá exportar um total de 26 milhões toneladas de milho no acumulado do ano.

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