Estadão

Detetives do Prédio Azul vivem Uma Aventura no Fim do Mundo e miram adultos

Mauro Lima admite que foi uma responsa fazer o terceiro filme da franquia Detetives do Prédio Azul. O filme já está em cartaz, em pré-estreia, em algumas salas selecionadas. Na quinta, 21, atinge o circuito completo – serão 600 salas. Eram. O número foi atualizado para 700 e pode crescer ainda mais. É o cinema brasileiro ganhando visibilidade no próprio mercado, um fenômeno que não é isolado. Lázaro Ramos estreou Medida Provisória em 80 salas. Após o estouro do fim de semana – foram mais de 85 mil espectadores -, o circuito será ampliado para 188 salas, também na quinta.

De volta a D.P.A. 3, Mauro Lima tinha seus motivos para pensar duas vezes. Afinal, os dois primeiros filmes foram muito bem de público, e o seu cinema não é necessariamente infantil, embora tenha feito antes Tainá 2. O tchan é que seu filho Pedro adora a franquia, e tudo o que Mauro sabia dos Detetives do Prédio Azul era por intermédio dele. Pedro tinha 5 anos quando seu pai recebeu o convite para a direção. Está com 8. Frequentou as filmagens, acompanhou muita coisa. Mas não foi só ele que cresceu no processo.

O diretor explica: "Quando a Paris Entretenimento me chamou para fazer o filme, foi com o conceito de uma produção diferenciada. As crianças haviam crescido em relação ao primeiro filme e a ideia era retratar esse novo momento, atraindo também o público adulto. Os pais é que levam as crianças ao cinema. Hollywood sabe fazer isso muito bem. Nós estamos aprendendo". Na trama de D.P.A. 3, que tem o sugestivo subtítulo de Uma Aventura no Fim do Mundo, Pippo, Sol e Bento terminam indo aos espaços gelados no sul da Argentina.

<b>BRUXA E VILÃO</b>

"Enviaram-me o roteiro e eu fiz algumas sugestões." Para esclarecer – Severino encontra um objeto em meio aos destroços de um avião, quando busca a garotada que participava de um passeio de balão. O tal objeto é a metade do medalhão de Azur e, ao colocá-lo no pescoço, o porteiro do Prédio Azul torna-se cada vez mais malvado.

Com a bruxa Duvibora e a filha Dunhoca atrás dele para roubar o medalhão, só resta ao trio de detetives encontrar primeiro a outra parte – do bem – da relíquia. A busca os conduz não apenas à neve como a cavernas misteriosas, onde a trama se soluciona.

"Foi muito interessante ter um antagonista, o Severino, que também é o salvador. Quando me convidaram, deixei claro que sou muito mais ligado em personagens adultos, notórios pelo mau comportamento, do que em crianças boazinhas. Mas consegui o equilíbrio. O filme tem ação, humor, efeitos." O Pedro? "Meu filho gostou, se é o que você quer saber." Uma Aventura no Fim do Mundo foi filmado em 2019. Mauro já tinha o primeiro corte completo e entrava na pós-finalização quando ocorreu o lockdown da pandemia. "Foi a única coisa boa para nós, nessa história toda. O filme deveria ter o prazo normal de lançamento no ano seguinte. Mas com tudo fechado em 2020 ficou sem data. Tivemos mais prazo para aprimorar os efeitos."

<b>FILMES DE ÉPOCA</b>

Ao longo de sua carreira, Mauro Lima tem feito filmes de época, como João, o Maestro. "Não são grandes efeitos, mas muitas vezes a gente tem de corrigir uma fachada, os detalhes de alguma rua e recorre aos efeitos. Dessa vez eles são maiores, e essenciais. O tempo ajudou bastante." Acostumado a dirigir atores adultos – sua mulher, Alinne Moraes, é sempre deslumbrante nos filmes dele -, como foi dirigir as crianças? "Na verdade, em Tainá 2, já havia dirigido crianças. E lá não apenas houve casting como também houve preparação do elenco jovem. Nesse caso, não foi necessário. Letícia Braga, Anderson Lima e Paulo Henriques Motta já são profissionais. Então dirigi-los não foi muito diferente da atenção dispensada aos veteranos."

Detetives do Prédio Azul 3 pertence a esse novo filão que inclui os filmes live action da Turma da Mônica, que Mauro viu, com o Pedro. "Ainda estou entrando nessa seara, mas acho que é um segmento importante na formação de público." Quando começou o isolamento, ele já trabalhava no desenvolvimento de uma série para a Sony de Los Angeles. Rio Connection foi anunciada em 2019, mas só foi gravada em outubro passado. Acompanha três criminosos internacionais no Rio, em 1971, e por isso a série é falada em inglês. Um deles é Tommaso Buscetta, biografado por Marco Bellocchio em O Traidor.

Outros planos? "Nada definido, mas penso há tempos num filme sobre Mariel Mariscot." O chamado Ringo de Copacabana era um policial conhecido pela violência e pela ligação com órgãos de repressão. Foi ligado a famosas estrelas. Darlene Glória, Elza de Castro. Mais um grande papel para Alinne Moraes?

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?