Reação agradável para quem a postou. Mas não surpreendente. Porque o sonho de ter Chico no comando do País é apenas expressão do incômodo, da inquietação, da infelicidade de brasileiros com o ambiente destrutivo, grosseiro vigente, hoje, entre nós. Não é campanha eleitoral. Infelizmente. Mas houve quem não gostou dela. Como também era de se esperar. E demonstrou isto de através comentários abertamente agressivos. Contra quem a postou. “Você só escreve merda”, praguejou o seguidor de uma das páginas. E, contra o próprio Chico. “”Quero que este comunista desgraçado morra e vá para o inferno”, vociferou uma empresária de Goiânia. Óbvias distorções dos objetivos daquelas páginas, logo corrigidas com denúncia e a exclusão delas.
Mais perigosa, porém, foi outro tipo de manifestação de contrariedade com a eventualidade de reinar entre os brasileiros uma atmosfera evocada como possibilidade distante, naquela imagem.
Uma contrariedade camuflada por preocupação em “proteger Chico contra o ambiente podre da política”. Porque estas manifestações não serão excluídas daqueles espaços na internet. E elas disseminam a ideia de que Chico bom é um Chico “Belo Antônio” – homem bonito que as mulheres amam, mas é impotente, como o do filme de Mauro Bolognini. Pois, quem conhece Chico sabe que, desde quando ele tinha 21 anos de idade, ele mantém um compromisso social – por isto, político, no sentido generoso – permanente na sua produção. Àquela altura, ele musicou o poema incisivo contra a fome, escrito por João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina”, e, a Censura da Polícia Federal vetou sua canção “Tamandaré”,.
É reconhecida dentro da História da Cultura Brasileira a luta corajosa por Justiça Social que ele travada por meio de sua arte. Mostraram os compositores da Escola de Samba da Mangueira. Foram eles que, no carnaval carioca de 1998, criaram o samba-enredo em homenagem a Chico, com estes versos: “Chico abraça a verdade, com dignidade, contra a opressão. Reluz o seu nome na História. (É) a luz que ficou na memória”.
Portanto, Chico dispensa aquela “proteção”. Ele mesmo demonstra no seu depoimento inserido no DVD “Vai Passar”, dirigido por Roberto Oliveira, no qual relembra como se comportou diante das ameaças criadas pela Ditadura Militar, quando teve de viver na Itália, suas músicas não puderam ser gravadas, e, suas peças de teatro foram censuradas. Adversidades que enfrentou com valentia e dignidade. Como fez recentemente, ao saber que a maior autoridade do País, numa atitude política vingativa, tinha se negado a assinar o documento que lhe conferiu o Prêmio Camões.