Um dia depois do ato promovido por artistas que reuniu milhares de pessoas no Largo da Batata, em São Paulo, pela saída do presidente Michel Temer e realização de eleições diretas, 55 entidades ligadas às igrejas, partidos políticos, centrais sindicais, movimentos estudantis e sociais decidiram nesta segunda-feira, 5, em Brasília, criar uma Frente Ampla Nacional pelas “diretas-já”.
“O Brasil atravessa uma grave crise política, econômica, social e institucional. Temer não reúne as condições nem a legitimidade para seguir na Presidência da República. A saída dessa crise depende fundamentalmente da participação do povo nas ruas e nas urnas. Só a eleição direta, portanto a soberania popular, é capaz de restabelecer legitimidade ao sistema político”, diz a nota de criação da frente.
Assinam o documento PT, PSOL, PCdoB e PSB, que até o dia 20 de maio apoiava o governo Temer, além da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Conselho Federal de Economia, Levante Nacional da Juventude, Movimento dos Sem Terra (MST), Central de Movimentos Populares (CMP), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), União Nacional dos Estudantes (UNE), seis centrais sindicais (CUT, UGT, Intersindical, CTB e CSB) e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, entre outros.
Para Raimundo Bonfim, da CMP, a lista de entidades que assinam e nota e enviaram representantes à reunião realizada em Brasília mostra que o movimento pelas “diretas-já” ganhou amplitude para além dos setores que lutaram contra o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. O objetivo é aproximar a frente dos atos promovidos por artistas e produtores culturais. O modelo, independente de partidos políticos, reuniu milhares de pessoas no Rio e em São Paulo e vai ser replicado em outras capitais como Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte.
“A ideia é unificar com o movimento que já está se formando de artistas e produtores culturais”, disse Guilherme Boulos, do MTST.
Os criadores da frente procuraram ainda a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas as duas entidades argumentaram que um posicionamento dessa natureza precisa passar por suas instâncias de organização.