Após três meses de superávit nas contas externas, o resultado das transações correntes ficou negativo em julho deste ano, em US$ 1,584 bilhão, informou nesta quarta-feira, 25, o Banco Central. Em julho do ano passado, o saldo havia sido negativo em US$ 646 milhões.
O número de julho ficou dentro do levantamento realizado pelo <i>Projeções Broadcast</i>, que tinha intervalo de déficit de US$ 2,123 bilhões a superávit de US$ 4,400 bilhões (mediana negativa em US$ 300 milhões). Já o BC projetava para o mês passado superávit de US$ 1,3 bilhão na conta corrente.
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 6,271 bilhões em julho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,338 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 6,769 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 1,756 bilhão.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o rombo nas contas externas soma US$ 8,320 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 3 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicado em junho.
Nos 12 meses até julho deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 20,337 bilhões, o que representa 1,30% do Produto Interno Bruto (PIB).
<b>Remessa de lucros e dividendos</b>
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 3,125 bilhões em julho, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 1,702 bilhão que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 12,674 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2021 some US$ 28 bilhões. Esta projeção foi atualizada no último RTI, divulgado em junho.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 3,653 bilhões em julho, ante US$ 3,664 bilhões em igual mês do ano passado. No acumulado do ano até julho, essas despesas alcançaram US$ 14,837 bilhões.
<b>Viagens internacionais</b>
Ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19 na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de US$ 229 milhões em julho, informou o BC. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em julho de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 127 milhões.
Na prática, com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram nos últimos meses. Vale lembrar que a pandemia de covid-19 ganhou corpo a partir de março do ano passado, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 452 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 223 milhões no mês passado.
No acumulado do ano até julho, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 893 milhões. No mesmo período de 2020, o déficit nesta rubrica era de US$ 1,769 bilhão.
<b>Dívida externa</b>
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em julho é de US$ 306,582 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 240,199 bilhões em julho, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 66,386 bilhões no fim do mês passado.