Os juros futuros reduziram a alta no meio da tarde, com alguma melhora nas tensões fiscais e diante do tombo nos preços do petróleo, ainda que o ambiente externo tenha se mantido desafiador. O recuo na possibilidade de mudanças na PEC dos Benefícios, que poderiam ampliar os gastos, abriu espaço para alívio, que se deu ainda na esteira da aceleração da queda para 10% na cotação do tipo Brent, levando-a novamente para perto de US$ 100 o barril. Mais cedo, a aversão a risco no exterior e a expectativa sobre o futuro da PEC levaram as taxas a subirem até 25 pontos-base no caso do miolo da curva.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a 13,72%, de 13,725% no ajuste de ontem. O janeiro 2024 passou de 13,436% a 13,515%. O janeiro 2025 foi de 12,739% a 12,86%. E o janeiro 2027 subiu de 12,69% a 12,815%. Por comparação, as máximas desses vértices foram, respectivamente, de 13,775%, 13,665%, 13,025% e 12,925%.
Os mercados internacionais espelharam os temores de recessão global, após dados negativos na Europa catapultarem o dólar ante uma série de moedas, especialmente o euro, que bateu o piso em 20 anos, contaminando a curva local. No Brasil, a divisa americana chegou a romper R$ 5,40 nas máximas. O pessimismo com a economia levou as curvas das T-Notes de 2 e 10 anos a inverterem por alguns momentos, emitindo um sinal de alerta sobre precificação de recessão por parte dos players. Nesse contexto, aqui, as taxas longas voltaram a flertar com a marca de 13% e as curtas se aproximaram de 14%, pressionadas ainda pelo risco fiscal.
A indefinição sobre a PEC dos Benefícios também respondeu por boa parte da postura defensiva, com o mercado no aguardo da sinalização do relator, Danilo Forte (União Brasil-CE). Ele defendia a inclusão de um auxílio-gasolina a motoristas de aplicativo, como o Uber, e retirada da decretação do estado de emergência, incluída para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de eventuais punições da Lei Eleitoral.
À tarde, Forte afirmou ter desistido de mexer no texto, em função da pressão do cronograma apertado para votação, na medida em que alterações implicariam a volta da PEC ao Senado ou a costura de um acordo com senadores. Depois disso, o avanço das taxas perdeu força, dada a leitura de que, sem as alterações, o impacto fiscal tende a ficar nos R$ 41,25 bilhões já conhecidos.
Nas commodities, após cair até 10% e bater nos US$ 101, o tipo Brent fechou na casa de US$ 102 o barril, em baixa de 9,45%, pressionado pela alta do dólar e pelos temores de redução de demanda.