Portadora de deficiência visual desde o nascimento por conta de uma doença genética, Vanessa Carrilho Lanzarotto, de 39 anos, sempre gostou de estudar. Servidora pública há 19 anos, ela é professora de jovens e adultos também com deficiência visual em Guarulhos. Seus alunos se preparam para o período acadêmico e o mercado de trabalho. E é ela que auxilia nessas importantes decisões.
A professora ensina Braile e Soroban – instrumento para cálculo – no projeto Práticas Educativas para Inclusão Social (PEIS), promovido pela Subsecretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão desde julho de 2018. Atualmente, 19 alunos são assistidos pela orientadora, que idealizou o projeto.
O projeto tem como objetivo contribuir para a inserção social e independência dos alunos, para que tenham uma vida autônoma, principalmente nas atividades diárias como caminhar sozinho, utilizar ônibus, metrô, entre outras atividades corriqueiras, mas que apresentam dificuldades para quem possui alguma limitação física.
Vanessa estudou em Guarulhos, na Escola Estadual Professor Frederico de Barros Brotero, onde teve seu primeiro contato com o Braille. Na faculdade, estudou pedagogia e se especializou em escolarização e diversidade pela Universidade de São Paulo (USP) e deficiência visual pelo Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
Uma das alunas, Maria Izabel Araújo, de 35 anos, contou ao GuarulhosWeb que se tornou deficiente visual há nove anos, após um glaucoma. E que hoje convive com a visão monocular. Há dois meses, em uma reportagem de TV, viu o projeto tocado por Vanessa e, antes mesmo da entrevista acabar, ligou para a Subsecretaria.
“Quem me atendeu foi a própria Vanessa. Ela disse que eu seria muito bem-vinda na semana seguinte. Foi um prazer poder conhecê-la. Ela tem muita empatia e muito amor pelo que faz. Ela atende cada aluno conforme sua necessidade”, disse.
O aluno Márcio Rogério Ayres das Neves, de 45 anos, deficiente visual há quatro anos, disse que não se interessava pelo Braille até conhecer a professora Vanessa. “Eu pensava que era um bicho de sete cabeças, porque o celular hoje é aliado mais prático. Mas com as aulas fui descobrindo que não é bem assim e comecei a me interessar”.
Vanessa participa ainda de outras atividades dentro do projeto, como elaboração e encaminhamento de currículos. “Minhas aulas são importantes para que os alunos possam prestar concursos e vestibulares, além de levar o conhecimento para a vida”, explicou.
Mais informações
As aulas são ministradas em grupo e individualmente. Os interessados podem obter mais informações por meio do telefone 2414-3685.