Variedades

Diálogos entre a tradição e o novo

Cinema, literatura, arquitetura e gastronomia. Com portas abertas, o Instituto Italiano de Cultura, em Higienópolis, criou nova programação enquanto busca parcerias para estender o diálogo entre artistas, pesquisadores, e interessados dos dois países.

O casarão antigo de estilo clássico francês construído em Higienópolis em 1922, moradia de barões do café. Entre os anos 1950 e 1960, o palacete foi a sede do Círculo Italiano, associação de 1911 criada para reunir a colônia italiana na cidade. Mais tarde, o espaço ainda foi sede do Consulado da Itália, até 2005. Adquirido pelo governo italiano, o sobrado é conduzido pelo Ministério de Relações Exteriores daquele país, agora sob direção de Michele Gialdroni. “Queremos intensificar a ação cultural na região e abrir o espaço para atividades com artistas, pesquisadores em diálogo com temas contemporâneos.”

Por isso, há alguns meses, a casa tem oferecido em sua agenda atividades na área de música, cinema, literatura, gastronomia, dança e design, em português, ou com tradução. Nem sempre pautado pelos clássicos que difundiram a produção cultural italiana, o instituto quer trabalhar com quem está pensando a Itália de hoje. “É claro que o país tem grande tradição no cinema, literatura e artes, que são patrimônio para nós e para o mundo, há espaço para isso, mas queremos também aproximar e fortalecer novos vínculos.”

O resultado é uma grade de eventos como uma exposição de artistas italianos presentes na Coleção da Casa Mário de Andrade, uma sessão de cinema ao ar livre de La Dolce Vita, de Fellini, no gramado do instituto, um concerto da cantora Tiziana Tosca Donatti com participação de Alice Caymmi, na Casa Natura, e um debate com o escritor Bernardo Carvalho, autor de Aberração, que fala de personagens exiladas que buscam retomar a vida em terras estrangeiras.

Para 2019 há planos de trazer companhias italianas de dança e teatro em parceria com o Sesc. “Tiziana Tosca Donatti é uma artista importante na Itália e que pode dialogar com músicos e cantores desta geração. Essa união pode auxiliar na composição de um pensamento contemporâneo no qual a cultura acaba reunindo mais que as nacionalidades.”

Quanto à chamada comunidade italiana, o diretor reflete que é difícil definir como antigos imigrantes se relacionam com o país que deixaram há muitos anos. “Por isso, é preciso encontrar diferentes interlocutores, pessoas interessadas no idioma e na produção atual.” Outra ação foi abrir a biblioteca, com mais de 20 mil títulos, e criar um clube de associados que podem emprestar exemplares, pagando uma taxa anual. Entre eles, há obras raras, como Opere di Galileo Galilei, em quatro tomos, datados de 1744, e um diário de viagem com o longo título História dos Feitos Recentemente Praticados Durante Oito Anos no Brasil e Noutras Partes sob o Governo de Wesel, Tenente-General de Cavalaria das Províncias-Unidas sob o Príncipe de Orange História de Feitos sobre uma expedição em Pernambuco, escrito em 1660, pelo historiador holandês Gaspar Barléu. “Parte desse acervo foi sendo integrada ao espaço, desde a construção do casarão, com a ocupação do Círculo, do Consulado e doações.”

INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA
Av. Higienópolis, 436.
Tel.: 3660-8888. 2ª a 5ª, 9h às 17h, 6ª, 9h30 às 13h. Grátis.

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