Em Cannes, no ano passado, o diretor alemão de ascendência turca Fatih Akin disse ao repórter que, há tempos, vinha maturando um filme sobre terrorismo. Chegou a pensar em outras possibilidades, mas, na Alemanha, “nosso maior fantasma ainda é o nazismo”. E assim surgiu a história dessa mulher alemã que se casa com um turco, constitui família e, de repente, perde marido e filho em consequência de uma bomba. Diane Kruger é quem faz o papel.
O filme chama-se Em Pedaços e estreia nesta quinta, 15. A Justiça prende os culpados, mas uma brecha na lei os coloca em liberdade. Diane reage feito bicho. De alguma forma, essa mulher, dilacerada interiormente também morreu. E, assim, o desejo de vingança toma conta dela. Nos anos 1970/80, Charles Bronson virou astro com a série Desejo de Matar. Num mundo em que a Justiça é falha, ele pegava em armas e agia por conta própria. Passaram-se décadas e um novo Bronson – Bruce Willis, no remake de Desejo de Matar, por Eli Roth – estará estourando em breve nos cinemas de todo o mundo. Fatih Akin antecipou-se. Criou a sua versão feminina de Charles Bronson.
Diane Kruger é a mais internacional das estrelas alemãs contemporâneas. A par de sua presença em filmes como Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, tem sido apresentadora de grandes festivais como Cannes e Berlim. Ao repórter, Akin disse que precisava de uma estrela com quem o público pudesse se identificar. Para oferecer-lhe o papel, foi visitá-la em sua casa, em Paris. “Diane cozinhou para mim, uma típica frau alemã. Não precisamos discutir mais nada. Só de vê-la em casa, pude perceber como a família é importante para ela e que Diane não teria dificuldade em encarar a dor da personagem.” Diane é a própria razão de ser de Em Pedaços. Foi melhor atriz em Cannes. O filme venceu o Globo de Ouro, mas não foi indicado para o Oscar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.