Uma das primeiras lições que se aprende do jornalismo é a objetividade. Ao narrar um fato, o repórter deve manter sua opinião em segundo plano. Pois um dos maiores clássicos da literatura relacionada ao jornalismo vem de um cara que ignorou completamente essa regra em sua carreira: "Diário de um Jornalista Bêbado", de Hunter S. Thompson, cuja adaptação chega nesta semana às telas.
Na "vida real", Thompson, provavelmente o mais representativo profissional do jornalismo gonzo – em que as vivências e digressões do repórter são tão relevantes quanto o tema da reportagem em si – começou sua carreira num jornal da Força Aérea e terminou escrevendo artigos para a Rolling Stone americana. Teve também grande influência na chamada "geração beat" e na contracultura de forma geral. Em "Diário", ele narra a trajetória de Paul Kemp (Johnny Depp, amigo pessoal do autor e que já havia interpretado o protagonista da obra de Thompson em "Medo e Delírio"). Entre as décadas de 1950 e 1960, ele se cansa de viver na Nova York permeada pelo "sonho americano" e pelaconservadora doutrina de Dwight Eisenhower e resolve ir para Porto Rico. Com clara inspiração no período que Thompson passou no Caribe, o enredo trata, de um lado, da espiral de drogas, rum, sexo e psicodelia em que Kemp se envolve enquanto trabalha no pequeno San Juan Daily News. De outro, tece uma ácida crítica à forma como os EUA dominam a política e a sociedade locais. Aaron Eckhart (de "Batman – O Cavaleiro das Trevas") atua como Sanderson, um dos "colonizadores" e Amber Heard (de "Zumbilândia") faz sua mulher, que se envolve com o protagonista. A direção é de Bruce Robinson de "Os Desajustados".
O Diário de um Jornalista Bêbado (The Rum Diary). EUA, 2011.Direção de Bruce Robinson. Com Johnny Depp, Aaron Eckhart, Michael Rispoli, Amber Heard. Vinny Filmes.