O governador eleito do Piauí, Wellington Dias (PT), rebateu as críticas de que o Nordeste deu uma ampla vitória para a presidente Dilma Rousseff no primeiro turno apenas em razão do Bolsa Família. Dilma teve na região 15,4 milhões de votos, seguido pela candidata do PSB, Marina Silva, com quase 6 milhões, e Aécio, com aproximadamente, 3,9 milhões.
“Quem pensa que o Nordeste votou na Dilma e no Lula só por conta do Bolsa Família, se engana, é preconceito. Como, aliás, disse o ex-presidente Fernando Henrique, é pobre, é analfabeto, quem vota em Dilma. Vota em Dilma quem quer um Brasil melhor”, afirmou ele, em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
O petista aposta que, no segundo turno, Dilma terá uma vantagem ainda maior no Nordeste e em especial em Pernambuco, único dos nove Estados da região onde o primeiro turno foi vencido por um adversário, a candidata do PSB, Marina Silva. Questionado se ocorreria um “retrocesso” com uma eventual vitória do PSDB, Wellington Dias disse que “não se trata de uma afirmação, foi o que aconteceu”. “O centro dos dois projetos que estão sendo debatidos é que um, encabeçado pelo PSDB, pensa o Brasil para os poucos”, afirmou.
Wellington Dias disse que a geração que tem mais de 25 anos sabe o “significado para o Brasil e em especial para o Nordeste” de um governo do PSDB porque viveram na época do governo Fernando Henrique Cardoso. “Tínhamos salários congelados, políticas de demissões, política de fechamento de agencias bancárias, leilões de habitação, quase não tinha apoio ao pequeno agricultor, conflito no campo, havia uma verdadeira guerrilha no campo, fome e miséria”, enumerou, tentando colar FHC ao atual candidato do partido Aécio Neves.
Para o petista, desde 2006 o PT tem sido alvo de uma campanha de ódio e que, no atual pleito, Aécio Neves tem centrado seus ataques nessa linha. Ele citou o exemplo na atual campanha com o uso, pelos adversários, de declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, “que foi preso pelo governo da presidenta Dilma”. “A presidenta Dilma, que é uma mãe, uma avó, foi desrespeitada e caluniada e, em um dado momento, reagiu.”
Lula
Dias avaliou também que o reforço de uma oposição de peso, a partir da chegada de nomes como o ex-governadores tucanos José Serra (SP) e Antônio Anastasia (MG), num eventual segundo governo Dilma, deve ser minimizado diante da possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer em 2018. Ex-líder do PT no Senado e vice-líder do governo na Casa, Dias fala de Lula como “reserva” do PT para as próximas eleições. “Estamos falando de uma perspectiva, se Deus quiser, da presidente Dilma vencer no dia 26 e ter um olhar para frente, vendo 2018”, afirmou. “Estamos falando de um time que vence em 2014 e tem na reserva uma dos maiores líderes do mundo e maior líder do Brasil, que é Luiz Inácio Lula da Silva”, disse.
Dias considerou que a liderança política de Lula também será importante para consolidar uma base de apoio de um eventual segundo governo Dilma. A base dilmista está rachada e com seu principal aliado, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, dividido entre ela e Aécio. “Isso (retorno de Lula) permite construir politicamente uma base de apoio sólido. Acho que esse é o desafio da reforma política, de permitir a construção de uma base sólida, programática, com compromissos reais com o Brasil. Acho que é isso que o povo está cobrando”, afirmou. “Nós vamos ter de dialogar com o próprio PSDB e com dissidentes de partidos da base”, indicou.
Maturidade
O pacto com a oposição num eventual segundo mandato da presidente Dilma, de acordo com Dias, passa pela derrubada de uma liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, suspendendo a distribuição equânime dos royalties do petróleo entre cidades produtoras e não produtoras de óleo e gás. “Acho que a proteção que tem de ser dada é para municípios abaixo de 50 mil habitantes, que têm ainda uma receita muito dependente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e ela (Dilma) se comprometeu para um novo pacto federativo”, disse.
O governador eleito do Piauí cobra “maturidade” da oposição para discutir esses temas. “O olhar de ter responsabilidade com o destino do Brasil não é apenas para quem é governo. Ele é também para a oposição e é aí que coloco a necessidade de um amplo diálogo, com maturidade, para encarar os grandes desafios que o Brasil tem”, sugeriu.