Diego Hypolito não lembra a cor da medalha que ganhou no salto na etapa de Doha da Copa do Mundo de Ginástica Artística, menos de 40 dias atrás. Mas sabe perfeitamente o tamanho da coleção após 11 anos de eventos internacionais: 58 medalhas, a mais recente delas de bronze, obtida neste sábado, em São Paulo. É exatamente nesse retrospecto que ele se apoia para defender um tratamento especial dentro da seleção.
“Eu não tenho a idade dos meninos para fazer todas essas avaliações como eles (os técnicos) têm feito. Eles têm que priorizar a questão da minha idade. Eu tenho 28 anos, já tenho no currículo um pouquinho de resultados. São 58 medalhas em Copas do Mundo, cinco em Mundiais. A equipe, comigo, conseguiu o melhor resultado da história. Em todos os bons resultados do País eu fazia parte”, ressaltou.
A preocupação de Diego é com o corpo, que não aguenta a mesma rotina de outrora. Com a abertura do centro de treinamento da ginástica, no Rio, o planejamento é que a seleção se reúna cada vez mais vezes lá. Antes da Copa do Mundo em São Paulo foram três semanas de atividades e quatro simulações de competições, utilizadas para os técnicos avaliarem qual a formação da equipe que pode render maior pontuação no Mundial.
“Essa questão de tanta seletiva não é tão bom porque acabo me lesionando. Cheguei nessa Copa do Mundo com muita dor, que é algo que eu não gosto. Tem que priorizar a questão do meu corpo. Se eles querem que eu faça parte da equipe, eles têm que ver minha saúde”, cobrou Diego Hypolito.
O ginasta conta que só conseguiu participar das duas primeiras seletivas, logo que voltou de Doha. Depois, não conseguiu mais suportar as dores nas costas que quase o tiraram das finais em São Paulo. “São muitas avaliações, muito tempo para avaliar”, reclamou.
O ginasta faz um apelo: “Dessa maneira, vou chegar ao final do ano com uma lesão muito grave. Minha prioridade para esse ciclo é não ser operado. Existem as seletivas e existe meu corpo, minha saúde. Nos últimos dois ciclos, o ano da Olimpíada era o que eu estava no meu pior físico. A minha prioridade (para o Rio) é estar com meu corpo inteiro”, disse o ginasta, que ainda quer competir até 2020.
CRITÉRIOS IGUAIS – Um dos técnicos da seleção brasileira, posição que divide com Renato Araújo, Marcos Goto afirma que Diego não levou a queixa para a comissão técnica. O treinador, entretanto, faz questão de destacar que o critério é o mesmo para os 12 atletas da seleção. Todos serão avaliados em seis seletivas (quatro no Rio e duas em um estágio de treinos em Anadia, em Portugal). Na ponta do lápis será definida a seleção que vai aos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, em julho. Depois, o mesmo sistema de seletiva deve ser utilizado para formar a equipe do Mundial, em outubro, na Escócia.