Quem quiser comprar um NFT de um artista brasileiro hoje conseguirá encontrar uma variedade de opções no mercado dignas das melhores galerias de arte do País. Existem desde experimentações mais ousadas e complexas, como é o caso da arte baseada em tecnologia ou em algoritmos, passando pela fotografia até chegar na mais clássica obra de arte plástica. A cena artística, hoje, se encontra e se mistura no mercado de NFTs.
Rejane Cantoni, por exemplo, é uma artista conhecida por seu trabalho com a tecnologia. Quando foi convidada a montar uma exposição em um shopping de São Paulo, querendo encontrar novas formas de comunicação, e que tivessem a ver com aquele espaço, ela montou a exposição Flora. Nela, 50 vídeos de flores são projetados e, por meio de um algoritmo, vão se misturando. A partir dessas interpretações, Cantoni vendeu NFTs.
"Quando compram o vídeo, entro em um acordo com elas. Se você quiser, pode participar das futuras instalações me emprestando a obra. Afinal, ela comprou uma parte da minha instalação. Se não quiser, só ela usa e nunca mais reproduzo. Fiz esse projeto para saber como faço NFTs e, sobretudo, como posso interagir dentro da blockchain. Como nós vamos participar da economia?", questiona a artista, que depois levou a exposição ao CCBB-RJ. Ainda no campo da tecnologia está Monica Rizzolli, artista que vendeu uma coleção de NFTs, em 2021, por quase R$ 30 milhões. Ela usa a técnica de arte generativa: nela, a imagem se constrói de acordo com a sequência numérica única no contrato do NFT produzida na hora da compra. "O meu primeiro trabalho de arte generativa foi em 2015, mas não tinha como garantir a escassez e autenticidade do que eu tinha feito, já que venderia em um CD que qualquer um poderia copiar. Já o NFT resolve uma série de problemas, desde autenticação até como conservar aquele código gerado."
OUTRAS ARTES. Apesar de a arte digital ter uma maior intimidade com a tecnologia de NFT, artistas plásticos, fotógrafos e afins também encontram espaço para vender e expor seus trabalhos por meio da tecnologia.
A artista plástica Paula Klien embarcou nesse universo de NFT no início da pandemia. E ela sentiu essa digitalização como um desafio. "Eu não sou artista digital. Sou uma artista física, orgânica. Como não trabalho com isso, é difícil passar o que eu quero. Não é minha mão que está ali", diz Paula. No entanto, deu certo: vendeu suas obras e já colocou outras no mercado.
Já a fotógrafa Lívia Elektra viu uma foto de sua autoria ser exposta em um telão na Times Square, em Nova York. Ela, hoje, celebra as facilidades da tecnologia. "Consigo criar para mim mesma sem depender de clientes. Comecei há quase um ano e meio e hoje vivo somente das minhas vendas de NFT, sem precisar fazer trabalhos que não combinam comigo", diz. "Eu acredito que é o começo de uma nova era." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>