A presidente afastada Dilma Rousseff concedeu, no final da tarde deste domingo, 5, no Palácio do Alvorada, sua residência oficial, uma entrevista de cerca de uma hora para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A entrevista foi feita pelo jornalista Luiz Nassiff, que teve o seu contrato com a EBC suspenso por Laerte Rímoli, que havia sido nomeado pelo presidente em exercício Michel Temer para comandar a EBC, mas acabou afastado por uma liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli, do STF, na última quinta-feira, que devolveu o cargo ao jornalista Ricardo Melo.
Nesta segunda-feira, 6, Ricardo Melo pretende desfazer vários dos atos determinados por Laerte Rímoli e deverá decidir que dia e hora a entrevista irá ao ar. Um dos problemas para a veiculação da fala da presidente afastada é que o contrato de Nassif, de R$ 761,58 mil por ano, que apresentava um programa semanal de uma hora na TV Brasil, toda segunda-feira, às 23 horas, foi suspenso pela administração Temer por 120 dias, para avaliação. A avaliação da gestão Rimoli é que este e outros contratos de produção de programas também foram suspensos porque seus valores eram considerados muito altos e que contribuíram para aumentar o rombo da empresa que está em R$ 94,8 milhões. Para gravar o programa com Dilma, Nassif veio a Brasília com passagens pagas pela EBC como “colaborador eventual”.
A guerra está instalada na empresa desde a quinta-feira da semana passada, quando Toffoli devolveu a presidência da EBC para os petistas. Para o Palácio do Planalto, a decisão de Ricardo Melo de autorizar a realização da entrevista por Nassif com Dilma, mesmo ele estando com o contrato suspenso, deixará claro para os ministros do Supremo, quando eles forem analisar a liminar, que o propósito da “administração petista de usar a TV pública como palanque da presidente afastada e dos petistas, e não para assegurar a pluralidade de ideias, que é o que estatuto da empresa estabelece”.