As últimas pesquisas de opinião pública divulgadas por grandes institutos demonstram que a presidente Dilma Rousseff (PT) goza de índices de popularidade mais positivos que seus antecessores Lula, Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, no final de um ano de governo. Os números chamam a atenção justamente pelo fato da presidente ter sofrido muito mais ataques em seu período inicial do que seus colegas. Tanto que ela perdeu sete ministros neste período inicial, seis deles envolvidos
Este resultado revela que Dilma vem conseguindo criar anticorpos em relação às mais diferentes denúncias que recaem sobre seu governo. Algo parecido com o que Lula conseguiu fazer, quando tudo jogava contra ele, como no episódio do Mensalão, quando muitos julgavam que o presidente não teria fôlego para buscar a reeleição em 2006. Tanto ele venceu aquela disputa como ainda cresceu e fez sua sucessora, a própria Dilma, uma ministra de seu governo que ninguém dava a mínima para seu potencial.
Neste sentido, desenha-se um quadro intrigante no país. A grande mídia, baseada em fatos e denúncias sutentadas, bombardeia o primeiro escalão, que demora para reagir. A presidente acaba sucumbindo, trocando alguns nomes, que não passam de seis por meia dúzia, consegue manter a base aliada intocada, faz aparições públicas com discursos prontos, sempre no sentido de que “não sabia” de nada e segue adiante.
No ano passado, quando o terceiro ou quarto ministro caía, ela anunciou uma grande faxina ética no governo federal. Fez alguma coisa? Praticamente nada. Apenas jogos de cena.
Já na queda do sexto e sétimo, revelou que faria uma minireforma ministerial neste início de ano? Cumpriu o prometido? Não. Está trocando três ou quatro nomes, mais no sentido de um rearranjo interno com vistas às eleições deste ano do que restabelecento a ordem geral. Pelo que tudo indica, a presidente já identificou como levar adiante o governo sem que a opinião pública seja contaminada. Diferente disso, consegue levar tudo numa ótima, inclusive crescendo em popularidade.