A presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) aproveitou sua participação na abertura da Expointer, na região metropolitana de Porto Alegre, para destacar a habilidade do governo federal em conciliar as preocupações com produção agrícola e meio ambiente. “Nós sempre demos muita importância à compatibilidade entre produção e preservação ambiental, por isso o nosso compromisso com o programa ABC Agricultura de Baixo Carbono é fundamental. Aumentamos de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões por beneficiário o valor que cada produtor pode tomar”, disse em seu discurso na cerimônia, para uma plateia formada por representantes rurais.
Segundo a presidente, o seu governo defende que é possível produzir e ser produtivo e ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente. Ela citou a integração da lavoura com a floresta, o plantio direto sobre a palha e a recuperação de pastagens degradadas como objetivos centrais, entre outros, do programa ABC.
Dilma também lembrou que o governo aprovou o “melhor e mais importante” Código Florestal por meio de diálogo no Congresso. “Temos agora uma legislação que garante segurança ao produtor”, disse. “Segurança jurídica para o produtor é uma necessidade para o Brasil.”
A candidata à reeleição não citou em nenhum momento o nome dos seus adversários ao Palácio do Planalto. A ex-senadora Marina Silva (PSB), que era tradicionalmente contra a aprovação do Código Florestal, esteve ontem na Expointer e se reuniu com lideranças do agronegócio gaúcho. Já o senador Aécio Neves (PSDB) estará no evento hoje à tarde.
Dilma também destacou os investimentos feitos em logística em várias regiões brasileiras. Ao longo de toda a sua fala, um pequeno grupo de servidores públicos protestava aos gritos de “Dilma a culpa é tua, trabalhador na rua”. Em outro canto, simpatizantes da petista gritavam palavras de apoio à presidente.
A candidata lembrou que o Brasil caminha para uma safra de quase 200 milhões de toneladas este ano e vem aumentando a produtividade tanto na agricultura como na pecuária. Também mencionou o esforço para que a pecuária brasileira ocupe novos espaços internacionais, com a suspensão de embargo da carne à China e a conquista recente de mercados no Oriente Médio. Segundo ela, o governo federal tem sido um grande parceiro que atua em sintonia com o setor.
“Nessa safra estamos destinando R$ 180 bilhões ao crédito dos pequenos, dos médios e dos grandes produtores”, disse. Depois, acrescentou que pela primeira vez e “merecidamente” este ano também serão destinados recursos para o financiamento da pecuária. Ela afirmou que quase todas as linhas de financiamento oferecidas ao agronegócio são subsidiadas e, portanto, têm juros reais negativos. “85% dos juros são subsidiados”, falou.
De acordo com a presidente, apesar de este subsídio ser estratégico para o agronegócio e para o Brasil, o governo tem recebido críticas por apostar na iniciativa. “Eu pessoalmente e meu governo também consideramos que tais críticas desconhecem o papel da agropecuária para o Brasil. Ignoram que esse setor gera rendas, empregos, tecnologia, saldo comercial positivo, gera crescimento e também gera orgulho para o Brasil e os brasileiros”, disse.
Reivindicações
Representantes regionais aproveitaram a presença da presidente na cerimônia para apresentar suas reivindicações. Em seu discurso, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto, exaltou os resultados obtidos pelo agronegócio brasileiro nos últimos anos e disse que as exportações do setor têm sustentado a balança de pagamentos brasileira.
Ele lembrou que há questões não resolvidas que impactam o agronegócio nacional, contempladas no documento entregue aos candidatos ao Palácio do Planalto. “Diz o que esperamos do próximo presidente”, afirmou. Dirigindo-se à Dilma, que estava na tribuna, Sperotto afirmou que eles já tiveram a oportunidade de conversar sobre essas reivindicações.
O presidente da Farsul ainda disse que “agricultura familiar também é agronegócio” e defendeu a existência de um único ministério para o setor. No mesmo momento, referiu-se aos ministros Neri Geller, da Agricultura, e Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário, ambos presentes. “Me perdoem os ministros, não queremos descartar ninguém. O que queremos é um único ministério que nos represente”, falou.
Já o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul, (Fetag), Carlos Joel da Silva, discordou da sugestão. “Queria dizer que, ao contrário do Sperotto, nós queremos manter o nosso Ministério de Desenvolvimento Agrário”, falou, seguido de aplausos. “Nossa agricultura familiar melhorou e nós tivemos um ministério para cuidar de nós. Com isso ficou mais fácil de trabalhar.”
Silva também afirmou que a agricultura familiar gera riquezas para o Estado e o País e lembrou que a entidade está investindo na pecuária familiar. “Sabemos que chegamos a isso com a ajuda dos programas dos governos federal e estadual, mas temos questões a melhorar, e estamos conversando com o ministro Rossetto sobre isso.”
Segundo ele, para o desenvolvimento do setor os jovens devem permanecer no campo mas para isso é preciso terem acesso à terra. “Desde 2009 não temos um assentamento no Rio Grande do Sul”, falou. Além disso, mencionou a necessidade de realizar melhorias em infraestrutura, rede elétrica, transporte, armazenagem e desburocratização de licenças. “Precisamos que o governo seja parceiro.”
Depois, o presidente do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers), Claudio Bier, disse a Dilma que, se o Brasil vai chegar a uma safra de quase 200 milhões de toneladas este ano, é preciso “agradecer muito” à tecnologia das máquinas agrícolas utilizadas na produção. Além disso, revelou que a entidade espera contabilizar mais de R$ 12 milhões originados de rodadas de negócios realizadas na Expointer.