Sob o impacto de manifestações que reuniram mais de 600 mil pessoas em diversas cidades do mundo no domingo, 21, incluindo Bogotá e Rio, líderes de 125 países devem encontrar-se nesta terça-feira, 23, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Cúpula do Clima em Nova York. O evento tentará criar disposição política global para a adoção de novos compromissos de redução de emissões de gases que provocam efeito estufa.
A presidente Dilma Rousseff só decidiu ontem discursar na cúpula, onde falará também da redução no desmatamento da Amazônia Legal de 2004 a 2013, do investimento do governo em fontes limpas de energia e da promoção de políticas de desenvolvimento sustentável aliadas a ações de inclusão social.
Mas deve esperar forte pressão de ambientalistas. Eles esperam que Dilma não só ratifique compromissos firmados pelo Brasil em Copenhague (2009) – em especial o de reduzir as emissões -, mas também mostre como o País está se preparando para colocá-los em prática até 2020, marco estabelecido na capital dinamarquesa.
Ainda que não tivesse essa obrigação, por ainda estar em processo de desenvolvimento, o País se comprometeu a baixar o volume dos gases entre 36,1% e 38,9% até 2020, assumindo um papel de protagonismo entre seus pares, e a deter o desmatamento na Amazônia em até 80%, lembra Marcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental. Entre 2005 e 2012, as emissões caíram 36,7%. Mas a curva de lá para cá se inverteu. “Andamos para trás.”
O encontro de Nova York será o maior já realizado com líderes mundiais para discutir o aquecimento global, segundo estimativa da ONU. Mas nenhum acordo ou anúncio coletivo é esperado. A Cúpula do Clima é um evento político paralelo às negociações sobre mudança climática, que terão um capítulo decisivo em Paris em dezembro de 2015, quando devem ser aprovadas novas metas de corte de emissões.
O objetivo do encontro da ONU é dar visibilidade a medidas que estão sendo adotadas pelos países para combater o aquecimento global e impulsionar as difíceis negociações. Divergências sobre a responsabilidade de países desenvolvidos e em desenvolvimento estão na origem dos obstáculos que dificultam a obtenção de um acordo para o enfrentamento do aquecimento global.
Ausências
Apesar de numerosa, a cúpula terá ausências marcantes. Maior emissor de gases que provocam efeito estufa, a China não será representada pelo presidente Xi Jinping, mas pelo vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli. Os líderes de Índia, Canadá e Austrália também faltarão.
Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai defender ações para combater a mudança climática nas Nações Unidas, mas ele enfrenta dificuldades para convencer o Congresso americano a aprovar legislação que limite as emissões domésticas. Colaboraram: Altamiro Silva Júnior, Correspondente, Roberta Pennafort e Rafael Moraes Moura, enviado especial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.