Como já abordado neste espaço, não passa um dia sequer sem que um novo escândalo, envolvendo pessoas diretamente ligadas ao primeiro escalão do governo Dilma, seja denunciado pela mídia. Três ministros já caíram, sendo dois por envolvimento direto em possíveis esquemas de corrupção, dezenas foram afastados e até demitidos dos cargos, fora alguns casos como no Ministério da Agricultura e do Turismo, que – por enquanto – não afetaram diretamente os ministros, que já ganharam da presidente mais um voto de confiança.
No entanto, apesar de todo o estardalhaço da mídia e correria da Oposição para chamar ministros para depor no Congresso ou na tentativa de recolher assinaturas para instação de CPIs, a figura da presidente Dilma Roussef (PT) ainda não foi atingida. Por mais que ela acumule problemas para a governabilidade, já que – vira e mexe – precisa colocar a mão para estancar crises maiores, sua imagem perante a opinião pública não foi abalada. Pelo menos duas pesquisas realizadas por importantes institutos, como o Datafolha e o Voxpopuli revelam uma aprovação ao governo federal acima dos 50%, nos mesmos patamares que o ex-presidente Lula conquistou no início de seu primeiro mandato.
Ninguém pode dizer que a grande maioria da população não está bem informada do que ocorre. Diferente do que ocorria em outros tempos, quando a grande mídia não dava tanta ênfase a esse tipo de denúncias, não tem um dia que o Jornal Nacional, telejornal de maior audiência no país, deixe de trazer reportagens sobre os escândalos
Uma avaliação rápida demonstra que as atitudes da presidente, em demitir alguns nomes e discursar contra o malfeito, vem encontrando eco junto a maior parte da população, que não consegue perceber que os problemas de agora se arrastam desde a gestão Lula, de quem Dilma era o braço direito.
Prevalece a memória curta e a total ausência de um espírito crítico maior, capaz de revelar que as denúncias não são fatos isolados, como faz crer a estratégia presidencial. Ou seja, a propaganda oficial se demonstra muito mais competente do que a mídia em geral, incapaz de formar cidadãos críticos.