Opinião

Dilma se vira em nome da governabilidade

Nunca antes na história desse país, um presidente da República teve tantas dificuldades para manter seu time coeso. Salve alguma novidade de última hora, até ontem à tarde, Dilma Roussef (PT) – em 14 meses e meio à frente do Planalto – já substituiu 12 ministros. Se não bastasse esse entra e sai do primeiro escalão, ela encontra sérias dificuldades para domar sua tropa política.


Tanto é assim que, um dia depois do senador Romero Jucá (PMDB-RR) deixar a liderança do governo no Senado, Dilma Rousseff troca também a liderança do governo na Câmara dos Deputados, até então sob a responsabilidade de Cândido Vaccarezza (PT-SP).  Para quem não se lembra, este deputado é aquele que – em todas as crises que atingiram o primeiro time da Presidência – foi para a frente das câmeras dizer que tudo estava sob controle, que Antonio Palloci não cairia, que Orlando Silva era vítima de armação e assim por diante. No final, todos sucumbiram. Agora, inclusive o próprio.


Em tese, a intenção de Dilma é fazer um rodízio de líderes tanto na Câmara como no Senado. Um dos mais cotados para substituir Vaccarezza serira o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Arlino Chinaglia (PT-SP)  tem boas chances.. As mudanças dos articuladores acontecem menos de uma semana depois de ter sido derrotada pelos senadores na recondução de Bernardo Figueiredo para a direção-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).


Ainda assim, em meio a esse baralho político, a presidente manteve o cargo de Romero Jucá com o PMDB dando sinais de que respeita o partido do vice-presidente Michel Temer, evitando assim que o descontentamento da agremiação aumentasse. Para o lugar do líder no Senado, assume o  senador amazonense Eduardo Braga (AM).


No fim das contas, as trocas promovidas por Dilma agora visam a tentar debelar a crise existente hoje entre o Congresso e o Palácio do Planalto, uma junção de descontentamento com falta de liberação de emendas parlamentares ao Orçamento e demora na nomeação de indicados para cargos em estatais. O sinal de alerta para o governo federal acendeu faz tempo. Resta saber se as medidas adotadas, muitas meio que no atropelo, surtirão efeito. A presidente corre contra o tempo. As eleições municipais estão aí e as articulações e amarrações são fundamentais. Se derem errado, o naufrágio é certo.

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