Economia

Dilma tem de buscar conciliação com o mercado, diz Assis

A presidente reeleita para o segundo mandato Dilma Rousseff (PT) deveria, como seu primeiro gesto de governo, buscar um gesto de conciliação com o mercado. E esse gesto passaria por apresentar já nesta primeira semana um nome mais palatável ao mercado para o Ministério da Fazenda. É o que disse há instantes ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luís Eduardo Assis.

De acordo com Assis, para Aécio Neves (PSDB), se tivesse sido eleito, o governo começaria em 1º de janeiro de 2015. Mas para Dilma, o segundo mandato começa nesta segunda-feira, 27. “O primeiro gesto de conciliação seria já indicar o novo ministro da Fazenda, porque o governo começa com um ministro demissionário e com a economia estagnada”, disse o ex-diretor do BC.

Segundo Assis, se a presidente indicar que vai dar continuidade à política econômica que permeou o seu primeiro mandato, ela enfrentará muita dificuldades para governar porque o atual modelo está esgotado. “Uma coisa é empurrar a situação com barriga por quatro meses como a Dilma fez. Outra bem diferente é empurrar com a barriga um problema por quatro anos”, comparou o economista, para quem, em função da campanha eleitoral, a presidente não fez nada no sentido de fortalecer a economia.

Para o economista, fazer um gesto de conciliação com o mercado será bom para a própria presidente Dilma Rousseff e para o Brasil. Isso porque, segundo ele, a presidente enfrentará questões como a da troca de ministério, mas também de fundamentos. “E não seria nada bom para Dilma e para o Brasil a economia sofrer um downgrade (das agências de classificação de risco)”, ressaltou o ex-diretor do BC.

Por isso, outra decisão importante que Dilma deveria tomar é a de sinalizar com bastante clareza qual será a política fiscal que ela vai desenvolver ao longo do segundo mandato, segundo Assis. “O novo governo já começa atrasado por conta das medidas que a presidente Dilma já deveria ter tomado e não tomou”, explicou o economista.

Perguntado sobre se o tal gesto de conciliação passaria também por tirar o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, do governo, Assis disse que não. De acordo com ele, Tombini é um candidato capacitado para assumir o Ministério da Fazenda por ser alinhado com a presidente e por contar com o respeito do mercado.

Do ponto de vista da política, Assis acha que Dilma deveria montar juntamente com o Partido dos Trabalhadores uma agenda menos conflituosa para poder governar com tranquilidade. Para hoje, ele avalia que o mercado vai ficar volátil porque há muitos ajustes para serem feitos. “Conversei com muita gente no final de semana que achava que a capa da Revista Veja fosse reverter o quadro eleitoral. Mas quem lê Veja não vota em Dilma e quem volta no Aécio não poderia votar duas vezes por causa da indignação com o que leu na revista”, analisou.

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