Opinião

Dinheiro público indo pelo ralo de forma literal

A Prefeitura de Guarulhos acaba de assinar contrato, por um ano, com uma empresa, pelo valor de R$ 5,2 milhões – equivalente a R$ 433 mil mensais ou R$ 14,4 mil por dia – para serviços de limpeza e manutenção das piscinas do Centro de Ensino Unificado (CEU). Detalhe: até o momento apenas uma unidade foi inaugurada, no bairro dos Pimentas. Mesmo assim, são só três piscinas, sendo uma semi-olímpica, outra de tamanho médio e uma infantil, que só devem ser abertas no verão. Ou seja, após o mês de dezembro, que coincide com o período de férias escolares.


 


Resumindo, a Prefeitura de Guarulhos, comandada por Sebastião Almeida (PT), está despejando R$ 601,30 por hora na limpeza e manutenção de piscinas que ainda não estão sendo utilizadas pela população. E mesmo que já estivessem abertas, um contrato neste valor, que representa pouco mais de 20% do que o Município gastou para construir o CEU, soa bastante estranho para não dizer escandaloso.


 


Um município com tantas necessidades e prioridades sociais não pode se dar ao luxo de fechar um contrato de um valor tão alto para uma necessidade para lá de questionável. Afinal, os demais CEUs anunciados pela Prefeitura ainda não passam de promessas. Ou estão na fase de projetos ou em obras. Nada justifica que o Município pague antecipadamente por un serviços que está longe de ser realizado.


 


Jamais uma empresa ou um consumidor em sã consciência iria depender tanto dinheiro por um serviço que não pode ser realizado pelo simples motivo de as piscinas ainda não existirem. Chama a atenção também que a mesma empresa foi contratada pela Secretaria de Esportes para prestar serviços de monitoria aquática junto às piscinas do Centro de Educação Ambiental e Lazer – ETA Cumbica e CSE João Carlos de Oliveira por R$ 9.358,40. Ou seja, bem menos que os R$ 14,4 mil pagos por dia pela manutenção das piscinas do CEU.


 


Lícito ou não, este contrato merece ser amplamente analisado por quem foi eleito para fiscalizar as ações do Poder Executivo. A Câmara Municipal de Guarulhos tem a obrigação de esclarecer os motivos que levaram a Prefeitura a gastar esses valores já a partir de setembro com piscinas que permanecem fechadas à população ou ainda nem foram construídas. Também o Ministério Público Estadual deve ficar atento e acompanhar de perto o que soa ser um verdadeiro ralo para o dinheiro público arrecadado junto à população. 


 


A opinião pública merece mais respeito da parte daqueles que foram eleitos para representá-los. Não é por que Almeida se elegeu prefeito em 2008 que ele pode gastar o dinheiro do povo de forma irresponsável. Se, por acaso, este contrato está em desacordo com valores praticados pelo mercado, é fundamental que ele seja revisto. A sociedade não pode aceitar que o dinheiro público vaze pelo ralo.

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