Estadão

Direita da Colômbia declara apoio a candidato populista

Com 99% dos votos apurados e o 2° turno definido entre o ex-guerrilheiro e ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, e o magnata da construção civil e ex-prefeito de Bucaramanga, Rodolfo Hernández, os alinhamentos e articulações da reta final da polarizada disputa presidencial na Colômbia começam a tomar forma, com a direita tradicional se aproximando do líder populista.

Fora da disputa, alguns dos principais nomes da direita tradicional colombiana já declararam apoio a Hernández, um candidato que pautou sua campanha no combate à corrupção, tentando se mostrar como uma "terceira via", mas com ideias conservadores radicais e um discurso populista de direita que é alvo de questionamentos por algumas propostas classificadas como antidemocráticas.

Em terceiro lugar nas pesquisas na maior parte da campanha, Hernández contou com um crescimento surpreendente na reta final do 1° turno para superar o Federico Fico Gutiérrez, até então apontado como favorito da direita colombiana para chegar ao 2° turno. No discurso em que reconheceu sua derrota, Gutiérrez declarou apoio ao rival, afirmando que queria salvar a Colômbia do "perigo" que representa, em sua avaliação, Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro do movimento urbano M-19.

"Não vamos pôr em risco o futuro da Colômbia, de nossas famílias e de nossos filhos", disse Gutiérrez, ao confirmar seu apoio e o de seu vice, Rodrigo Lara Sánchez, ao magnata – uma manifestação entendida como um convite a seus eleitores para aderirem à candidatura de Hernández.

Tanto Hernández quanto Petro se apresentam aos eleitores como candidatos antissistema, prometendo mudanças em relação ao governo do atual presidente Iván Duque. No entanto, enquanto Petro propõe uma abordagem à esquerda, pautada na "democratização" dos recursos e no aumento de impostos às elites, Hernández diz ser contra o aumento de impostos e fez uma campanha quase monotemática mirando o combate à corrupção.

Apesar de se apresentarem como rupturas em comparação ao governo atual, uma ascensão de Petro assusta setores conservadores, pecuaristas e parte do empresariado e dos militares, que temem que seu governo seja um "salto no vazio", levando o país a um caminho de ainda mais turbulência política e econômica. Seu passado como guerrilheiro do M-19 e sua antiga amizade e aliança com o chavismo também aumentam a desconfiança de diversos setores sobre ele.

Declarações de apoio à candidatura de Hernández começaram a surgir antes mesmo do dia da votação do 1° turno. A então candidata Ingrid Betancourt retirou seu nome da disputa na semana passada, pedindo votos para "apoiar o único candidato que hoje pode derrotar o sistema".

Para o analista político Johan Caldas, da Universidad de la Sabana, parte do eleitorado conquistado por Hernández pertence à direita colombiana que abandonou Gutiérrez no último momento, optando por um candidato com maior probabilidade de derrotar Petro no segundo turno por não carregar o peso da continuidade do governo Duque.

Caldas disse que, embora suas ideias sejam diferentes, eles compartilham algumas características, como estar longe de "todo tipo de estrutura, formalismos e pensamentos partidários que acabam justamente por convencer as pessoas que encontram uma opção de mudança que está longe do tradicional". (Com agências internacionais).

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