Cidades

Direitos Humanos quer acionar MP contra superlotação em presídio

Comissão de vereadores constatou que a Penitenciária "Desembargador Adriano Marrey" abriga 2.137 presos

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal pretende acionar o Ministério Público Estadual e o Ministério da Justiça para alertar uma superlotação de 52% de presos na Penitenciária "Desembargador Adriano Marrey". O local possui 2.137 presos, segundo diretores da unidade, mas tem capacidade para abrigar somente 1.400 detentos.

Os vereadores Edmílson Souza (PT) e Otávia Tenório (PRP), integrantes da comissão, visitaram o presídio nesta quarta-feira e conversaram com os diretores responsáveis. Os parlamentares não tiveram acesso as alas dos detentos, mas prometeram pedir autorização para a Secretaria de Administração Penitenciária para uma fiscalização.

De acordo com o diretor técnico, José Trigo Rodrigues, a unidade possui 518 presos esperando vaga no regime semi-aberto. Eles ficam em uma ala separada. "Se forem abertas as vagas para eles em outras unidades o presídio vai operar na capacidade normal", diz. O diretor de Segurança e Disciplina, Roney do Nascimento, afirma que o local suporta o número de detentos que abriga. "É tranquilo. Nunca tivemos brigas entre presos nos oito meses que estamos aqui", conta.

O presídio possui 360 presos que trabalham internamente, ou seja, somente 16%. Destes, 200 atuam em empresas de alimentação, metais sanitários, prendedores de roupa e artigos de época que têm convênio com a unidade. Os detentos recebem como benefícios salário mínimo e redução de pena. Os outros 160 presidiários realizam serviços de faxina e distribuição de material com salário proporcional a 25% dos vencimentos dos demais que trabalham.

Os diretores garantem que há preocupação especial com o controle de doenças. No início do mês houve um surto de conjuntivite que atingiu cerca de 30 internos que foram separados para evitar uma epidemia. Contudo, a equipe médica do presídio é reduzida: um clínico geral que atua 20 horas por semana, dois enfermeiros, sete auxiliares e um dentista.

Apreensão de celulares nas celas cai 66%

O diretor de Segurança e Disciplina da Penitenciária "Desembargador Adriano Marrey", Roney do Nascimento, garante que o número de celulares encontrados nas celas caiu 66% desde que ele assumiu o cargo na unidade. Há oito meses a média mensal de celulares localizados com os detentos era de 30, número que caiu para 10 atualmente. "Fazemos revistas surpresas. Deixamos as alas interditadas por dois dias", afirma.

Segundo funcionários do presídio os celulares são trazidos, em geral, por mulheres dos presos. Elas supostamente colocam os aparelhos dentro da vagina, envolvido em materiais que não são percebidos pelo detector de metais, e são entregues aos presos nas visitas íntimas.

Até o final do ano os presidiários do regime semi-aberto terão que utilizar tornozeleiras eletrônicas nas saídas autorizadas pela Justiça. Em Guarulhos, os detentos recebem induto nos feriados de Natal e Ano Novo e nos aniversários de pais e filhos. Cerca de 1,5 mil dos mais de 2,1 mil presidiários do Adriano Marrey são provenientes da cidade.

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