Diretor de Assuntos Internacionais da CBF, o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) disse nesta quinta-feira que é contra a entrega de contratos e de informações sobre os salários da entidade à CPI da Máfia do Futebol. Segundo o parlamentar, a CPI nem sequer deveria investigar a CBF por se tratar de uma entidade privada. “Sou contra o Estado meter o bedelho onde não é função dele”.
As declarações foram dadas na sede da CBF, no Rio, logo após o deputado ter participado de discussões do Comitê de Reformas da entidade, que entre outras coisas discute a implantação de um código de ética na CBF. Vicente Cândido se retirou da reunião antes que o código de ética fosse debatido.
“Eu acho que não (tem que entregar os contratos) e minha posição é o contrário (do pedido da CPI). Nem o Congresso Nacional entrega a folha de pagamento de ninguém, alegando sigilo”, sustentou. “Você sabe (os salários) do Judiciário, quanto ganha um juiz? Fala pra mim quanto ganha o Moro”, desafiou o parlamentar, fazendo referência ao juiz federal Sergio Moro, que julga os casos envolvendo a operação Lava Jato.
Integrante da chamada “Bancada da Bola”, Cândido confirmou que recebe salário na CBF e não vê conflito de interesse em sua atuação como parlamentar. “O Congresso é a junção da sociedade. É lobby organizado no pé da letra. Eu vou lá para representar minha categoria, que me elegeu. Ou eu vou proibir o Vicentinho (deputado federal também filiado ao PT de São Paulo, ligado ao movimento sindical) de votar 40 horas semanais porque vai beneficiar a categoria dele?”, sustentou, dizendo ainda que “não existe político neutro” e que está “trabalhando em prol do Esporte”.
Mesmo que seja contra a entrega de contratos, Vicente Cândido se disse a favor da transparência. Apesar disso, recusou-se a dizer quanto ganha na CBF. “Acho que todo mundo que presta serviço tem que receber”, defendeu, limitando-se a dizer que recebe “muito próximo” de seus vencimentos como parlamentar – a remuneração em Brasília é de R$ 33,7 mil.
“É questão pessoal. Não tenho nenhum problema (em responder quanto ganha). Não vou responder porque não sei a hierarquia de salário dos diretores. Não tenho nenhum problema ético com isso, tanto que está declarado no imposto de renda”, disse Cândido.