Variedades

Diretor da Mário de Andrade comenta nova fase da biblioteca

No horário do almoço, os arredores da Biblioteca Mário de Andrade costumam ficar repletos de pessoas tanto no interior do prédio de 22 andares, como na praça Dom José Gaspar. O interesse não está necessariamente no acervo de 365 mil livros ou nos 52 mil itens raros disponíveis. Desde agosto do ano passado, o espaço passou a oferecer wi-fi gratuito, o que aumentou o número de frequentadores – são 1.200 pessoas passando diariamente pelo local, que representam um crescimento de 250% em relação a 2013. A entrada da tecnologia num dos ambientes mais tradicionais do Centro de São Paulo, com 90 anos de história, marca uma fase de modernização e aproximação com o público jovem.

Nesta sexta (9), dia em que Mário de Andrade completaria 122 anos, será realizada uma virada cultural, com eventos a partir das 22h. Na programação, um Sarau Erótico acontece no terraço do edifício pelo grupo teatral Sensus, que apresenta trechos picantes de obras do cineasta italiano Pier Paolo Pasolin (1922-1975); seguido por uma festa até às 4h da manhã. De acordo com o diretor da biblioteca Luiz Armando Bagolin, este será um teste para o início do funcionamento integral, previsto para iniciar definitivamente a partir de dezembro. Ele conta que nos momentos de pico faltam mesas e cadeiras para os visitantes, daí surgiu a ideia de estender o horário de atendimento. Para isso, serão criados 15 novos postos de segurança, ainda em fase de licitação. Também há planos de desenvolver plataformas virtuais.

“Há dois anos, mudamos radicalmente o conceito de utilização da biblioteca. Um espaço com o porte da Mário de Andrade não pode ser só uma sala de leitura, que tem como foco o empréstimo de livros, ele também tem que oferecer uma série de serviços para a população, relacionados à arte, música, cinema e teatro. A biblioteca só vai ficar viva se ela puder conversar com as narrativas em suas plataforma originais.” Com as portas abertas 24 horas, a segunda maior biblioteca do País, que perde apenas para a Biblioteca Nacional, busca retomar a essência do local como centro de discussão. “Não é questão de atrair mais público, e sim de qualificar a vinda e o uso do cidadão”, explica Luiz.

Além da Imersão Pasolini, com instalações de Lourival Cuquinha, Monica Piloni e Osvaldo Piva no hall de entrada principal, no domingo (11) estreia a exposição El Niño Aprende Jugando, de Torres García (1874-1949). Em clima de dia das crianças, serão oferecidas oficinas infantis e contação de histórias.
A mostra traz pela primeira vez ao Brasil exemplares originais dos brinquedos transformáveis criados pelo artista no início do século XX. A apresentação é compartilhada com o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o MoMa, que exibe outra parte do acervo do uruguaio na semana seguinte.

A Biblioteca Mário de Andrade está localizada na Rua da Consolação, 94. Seu endereço original também era na região central, à Rua 7 de abril. A primeira coleção era formada por obras que estavam na Câmara Municipal Paulista que se juntaram em 1937 com as da Biblioteca Municipal de São Paulo aumentando consideravelmente seu acervo. O prédio atual foi construído e inaugurado pelo prefeito Prestes Maia sendo considerado um marco do estilo Art Déco na capital paulista. O edifício foi tombado em 1992 pelo município. Em 1960 que recebeu o nome de Mário de Andrade como homenagem ao criadro, em 1935, do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Em 2007 passou por uma grande reforma. Foi reaberta ao público em janeiro de 2011. Nos últimos dois anos, foram adquiridas mais de mil obras. Hoje, são 58 mil usuários cadastrados.

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