O diretor e produtor Guilherme Fiuza Zenha se desligou da Comissão Especial responsável pela seleção do longa-metragem a ser indicado como candidato brasileiro ao Oscar 2017. Em uma mensagem curta em sua página pessoal no Facebook na madrugada desta quinta-feira, 25, ele disse que comunicou ao MinC sua decisão, tomada “por questões pessoais”. Zenha é o diretor do filme O Menino e o Espelho, de 2014.
A decisão ocorre um dia depois de que dois diretores de filmes candidatos à indicação – Gabriel Mascaro (Boi Neon) e Anna Muylaert (Mãe Só Há Uma) – retiraram suas próprias candidaturas. A retirada ocorreu em defesa do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que no início da semana recebeu a classificação indicativa
para maiores de 18 anos no Ministério da Justiça.
“A gente não vai participar porque acha que o ano é do Aquarius, então não tem por quê. É o mais cotado, pelo seu histórico em Cannes. Creio que Kleber esteja sofrendo perseguições sutis. Colocam na comissão alguém que o odeia e diz isso em público, então é algo aparentemente tendencioso. E agora vem essa indicação de 18 anos. São pequenas retaliações”, disse Anna Muylaert ao jornal O Estado de S. Paulo na tarde de quarta-feira, 24.
Na segunda, 22, o Diário Oficial da União publicou a decisão do Ministério da Justiça de que o filme Aquarius terá classificação indicativa para maiores de 18 anos. A alegação é de que o filme tem cenas de “sexo explícito e drogas”. O filme foi lançado mundialmente no Festival de Cinema de Cannes, em maio, e ganhou mais notoriedade quando a equipe e o elenco exibiram cartazes de protesto contra a movimentação política que afastou a presidente Dilma Rousseff.
Comissão
Compõem a Comissão Especial Adriana Rattes, Luiz Alberto Rodrigues (Beto Rodrigues), George Torquato Firmeza, Ingra de Souza Liberato, Marcos Petrucelli, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense Naves – além de Guilherme Fiuza Zenha. As inscrições se encerram no próximo dia 31 de agosto, e o anúncio do resultado será no dia 12 de setembro.
O comunicado do MinC que anunciou a comissão fez um resumo da carreira de Zenha: “Guilherme Fiuza Zenha atua no setor audiovisual há mais de vinte anos. Como produtor e assistente de direção, trabalhou ao lado dos diretores Helvécio Ratton, Tizuka Yamasaki, Sylvio Back, Sergio Machado e Nelson Pereira dos Santos. Em 2014, foi o diretor e roteirista responsável por levar O Menino no Espelho, de Fernando Sabino, para telas de cinema e televisão ao redor do mundo. O filme se tornou sucesso de crítica no Brasil e exterior, sendo comercializado para 16 países da Europa”.
Dos nomes da comissão, é o do crítico Marcos Petrucelli o que vem causando discussões no meio audiovisual. Em seu perfil no Facebook, Petrucelli faz desde maio reiteradas críticas pessoais a Mendonça Filho, e também ao protesto feito pela equipe dele contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último Festival de Cannes.
“Vergonha é o mínimo que se pode dizer sobre a equipe e o elenco de Aquarius”, ele opinou na data do protesto. Cinco dias depois, postou: “Então foi assim: filme feito com dinheiro público vai a Cannes representar o Brasil e não leva prêmio algum. Ou seja, a mentira sobre o suposto golpe no País por meio de frases em papel A4 no tapete vermelho não adiantou muito além de expor o Brasil ao ridículo.”