O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, avaliou nesta sexta-feira que ainda parece cedo para falar de impacto das eleições de 2022 no câmbio. "Tenho a impressão de que a eleição não é um evento precificado agora, de que não é um driver para o câmbio neste momento, mas isso pode acontecer em 2022. Temos que ficar atentos", afirmou, em videoconferência organizada pela Upon Global.
Em resposta às perguntas dos apresentadores, Serra considerou que o principal evento no cenário global é a surpresa de uma demanda muito forte por bens estar durando mais do que era esperado. "O BCs globais, principalmente em países desenvolvidos, seguem com estímulo monetário elevado. O cenário possível seria que mais desses bancos centrais façam como o brasileiro e apertem as condições financeiras", respondeu.
Para Serra, há um lado negativo de subir barra de juros global, quando todos os BCs seguem nesse movimento. "No curto prazo, vamos viver com esse fenômeno pressão inflacionária em termos globais e os bancos centrais tendo que reagir de alguma forma. É um desafio a mais para o Brasil", completou.
Sobre a China, Serra afirmou que há dúvida se o setor imobiliário já perdeu força, o que forçará o país a buscar outros vetores de crescimento. "A perda de força de setor imobiliário na China é cenário de risco para emergentes em geral, e para o Brasil em particular", alertou.
<b>Gastos públicos e política monetária</b>
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse que a agenda que mais faz diferença para a condução da política monetária é o controle do gasto público. "Um evento que foi decisivo para deixarmos de ser um país com dois dígitos de juros foi o controle de gasto do setor público, a partir da regra do teto. Os juros reais altos no passado eram consequência de um fiscal muito expansionista", afirmou. "O BC olha o tema tributário apenas como observador externo e olha os impactos no sistema financeiro", completou.