Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lael Brainard afirmou nesta terça-feira, 5, que a instituição "continuará a apertar a política monetária de modo metódico, com uma série de altas nos juros". Durante discurso em evento virtual do Fed Minneapolis, ela disse que a instituição "está preparada para adotar ações mais fortes" nesse aperto, caso o quadro na inflação demande, enfatizando a "importância crucial" de levar os preços para baixo, mas sem deixar de apoiar a economia.
Na avaliação da dirigente, indicada para ser vice-presidente do Fed pelo presidente Joe Biden, a inflação nos EUA esta "muito elevada", atualmente, "particularmente em alimentos e gasolina". Em seu discurso, Brainard disse que o núcleo da inflação também está "elevado" e que as pressões inflacionárias se disseminam. A invasão militar da Rússia na Ucrânia provoca um "choque na oferta de commodities", com pressão de alta sobre a inflação e também gargalos na cadeia produtiva de bens. As expectativas de inflação, contudo, seguem consistentes com a meta de 2% do Fed, enfatizou.
Sobre o quadro internacional, a autoridade citou também os lockdowns recentes na China para conter a covid-19, que segundo ela pressionam a inflação e fazem com que gargalos nas cadeias produtivas se estendam. Os atuais eventos geopolíticos "provocam riscos de baixa para o crescimento", apontou.
Na avaliação de Lael Brainard, o balanço do Fed deve ser reduzido "de modo consideravelmente mais rápido agora", em comparação com processos anteriores do tipo. Para ela, esse processo de redução poderia começar já na próxima reunião, de maio. A diretora do Fed Dise ainda estar "atenta" aos sinais da curva dos rendimentos dos Treasuries e a outros indicadores que poderiam em tese sinalizar riscos de baixa para o Produto Interno Bruto (PIB) americano. Analistas têm debatido se inversões recentes na curva podem ou não representar risco de recessão nos EUA, no quadro atual.
Lael Brainard comentou também o fato de que a comunicação recente do Fed reforçou expectativas no mercado de altas nos juros e uma redução mais rápida no balanço, em comparação com o período de 2017 a 2019. Consistente com essas expectativas, "nós já temos visto um aperto significativo nas condições de financiamento no mercado em vencimentos mais longos, que tendem a ser mais relevantes para a tomada de decisões das famílias e das empresas", destacou ela.