Estadão

Dirigente defende que Fed espere progresso continuado na inflação, sem subir mais os juros

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu nesta quinta-feira, 29, que o BC dos Estados Unidos seja paciente, esperando os efeitos das altas de juros já adotadas sobre a inflação. Durante jantar anual da Irish Association of Investment Managers em Dublin, o dirigente afirmou que "não compartilha totalmente" a visão expressa na mediana das mais recentes projeções dos dirigentes, preferindo esperar os efeitos do aperto realizado.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bostic disse acreditar que "nós estamos apenas começando a ver os sinais dos efeitos cumulativos dos ajustes da política monetária", na economia real e no mercado de trabalho. As mais recentes leituras da inflação indicam que "estamos fazendo progresso" para levar a inflação à meta de 2%, afirmou.

Bostic vê a política monetária em território restritivo, e espera que o progresso na inflação continuará mesmo sem altas adicionais nos juros. Segundo ele, é uma boa ideia agora avaliar o quanto o aperto monetário afeta a economia. O dirigente também vê algumas surpresas de baixa recentes na demanda e em alguns números do mercado de trabalho. Nesse contexto, "acho que faz sentido dar à política monetária restritiva tempo para trabalhar". Segundo ele, é "menos certo" que seja necessário continuar de imediato a elevar os juros, diante do "risco de apertar muito e retirar muito impulso da economia".

O presidente do Fed de Atlanta advertiu, porém, que não descarta totalmente a necessidade de mais altas nos juros nos próximos meses, a depender do contexto dos indicadores. Além disso, disse que seu cenário-base não prevê novas altas, mas tampouco cortes nos juros em 2023 e 2024.

Bostic afirmou também que o Fed seguirá resoluto na busca da meta de inflação, mesmo com "algum aumento" no desemprego.

Ele ainda mencionou que os efeitos relacionados à pandemia não foram totalmente revertidos, e que a economia dos EUA e a global "parecem estar desacelerando". Também notou que há "preocupação com a estabilidade financeira, diante de recentes questões de liquidez e crédito no sistema bancário".

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