O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) da Filadélfia, Patrick Harker, disse nesta quinta-feira que, nos próximos meses, diante do aperto cumulativo alcançado, o BC americano deve reduzir o ritmo das altas de juros, conforme "nos aproximamos de uma postura suficientemente restritiva". "Sou a favor de uma possível pausa quando os juros atingirem cerca de 4,5%", destacou, durante evento da Associação de Gestão de Riscos.
Ele ressaltou que um aumento da taxa de 50 pontos-base ainda seria significativo."
Em algum momento do próximo ano, espero que mantenhamos uma taxa restritiva por um tempo para deixar a política monetária fazer seu trabalho", ponderou. "Queremos ver a inflação caindo de forma constante e consistente", ressaltou.
Dessa forma, para o banqueiro central, se for necessário, "sempre podemos apertar mais os juros com base nos dados". "Mas devemos deixar o sistema funcionar sozinho e também precisamos reconhecer que isso levará tempo: a inflação é conhecida por disparar como um foguete e depois descer como uma pena. Devemos permanecer dependentes de dados e flexíveis da política monetária. Inflação vai cair, mas levará algum tempo para chegarmos à meta", explicou.
Ele prevê que a inflação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) fique em torno de 4,8% em 2022, cerca de 3,5% no próximo ano e 2,5% em 2024.
Segundo ele, o que o Fed precisa ver é um declínio sustentado em vários indicadores de inflação antes de deixar de apertar a política monetária. "Inflação continua muito alta e está generalizada em toda a economia. Escassez de oferta persiste, em grande parte devido à estratégia de zero-covid da China", ressalta. Porém, ele pondera que já possível ver alguns sinais de "cura" do lado das cadeias de suprimentos. Harker comenta ainda que é possível controlar a inflação sem causar danos desnecessários ao mercado de trabalho, que, segundo ele, continua "extremamente aquecido", mas sem sinais de espiral de salários.
Com relação à desaceleração econômica nos EUA, Harker afirma que ela continua, e os riscos de recessão estão aí. "Precisamos monitorar", pontua. "No geral, prevejo um crescimento estável do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022, um crescimento de 1,5% em 2023 e um crescimento de cerca de 2% em 2024", acrescentou.