Dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Martins Kazaks afirmou nesta sexta-feira, 26, que mantém uma postura de "paciência", à espera de mais dados e das projeções atualizadas de março antes de decidir sobre o momento ideal para um potencial corte nos juros. Ele concedeu entrevista à <i>Bloomberg TV</i>, na qual reafirmou que o BCE será dependente "dos dados, não das datas", repetindo declaração da quinta-feira da presidente Christine Lagarde, durante entrevista coletiva após a decisão de manter os juros.
Também presidente do BC da Letônia, Kazaks disse que está atento à trajetória dos salários na zona do euro para suas decisões, mas também ressaltou que o BCE monitora "uma série de dados" para chegar a suas conclusões.
O dirigente considera que a economia da região tem estado fraca, com possibilidade de recessão técnica, ainda que o mercado de trabalho siga forte.
Kazaks enfatizou que todas as opções estão em aberto, embora tenha notado que, a menos que ocorra algum choque, a próxima mudança nos juros deve ser um corte.
Ele argumentou que o pior cenário seria ter de elevar muito os juros, pois isso penalizaria mais a economia, e disse que há vários meios possíveis para o relaxamento monetário, com diferentes tipos de graduações e cronogramas, acrescentando que os indicadores mostrarão o rumo ideal.
Ainda segundo a autoridade, o BCE monitora o quadro no Oriente Médio e no Mar Vermelho. Kazaks considerou que "estamos em um novo regime geopolítico", com mais volatilidade e mais conflitos. Nesse quadro, pode haver mais choques na oferta e é preciso ser paciente nas decisões.
Questionado sobre o trabalho de Lagarde, após reportagem do <i>Politico</i> revelar críticas a ela dentro do quadro do BCE, Kazaks afirmou que "a presidente está fazendo um trabalho muito bom", na sua avaliação.