Estadão

Dirigente do Fed não espera corte de juros este ano, mas diz que trajetória dependerá dos dados

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Nova York, John Williams, afirmou nesta terça-feira, 9, que não projeta cortes dos juros básicos este ano. O dirigente, no entanto, ponderou que os próximos passos da política monetária dependerão da evolução dos indicadores macroeconômicos.

Em evento no Clube Econômico de Nova York, Williams explicou que, no comunicado mais recente, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) se afastou de um "<i>forward guidance</i>" explícito e deixou claro a dependência dos dados.

Segundo Williams, a instituição não disse que o ciclo de arrocho monetário acabou, embora esteja aberta promover um aperto adicional se o cenário assim exigir. "Não tomamos decisão sobre os próximos passos", esclareceu.

<b>Meta de inflação</b>

O dirigente do Fed afirmou ainda que "levará algum tempo" para reequilibrar oferta e demanda nos Estados Unidos e, dessa forma, retornar a inflação à meta de 2%. Ele projetou que o Produto Interno Bruto (PIB) americano terá crescimento "modesto" este ano, antes de acelerar ao longo do próximo.

Pelas estimativas dele, a inflação deve cair a cerca de 3,25% no final de 2023 e voltar ao objetivo de 2% nos próximos dois anos.

<b>Persistência</b>

O presidente da distrital do Fed em Nova York afirmou que a inflação nos Estados Unidos tem arrefecido entre os componentes de commodities e bens, mas demonstra persistência na área de serviços, excluindo-se habitação.

O dirigente acrescentou que as expectativas inflacionárias permanecem ancoradas, o que seria positivo, mas não suficiente para assegurar a estabilidade de preços. Segundo ele, a demanda por trabalhadores arrefeceu, embora ainda supere a oferta.

Williams disse ainda prever que o crescimento econômico mais lento esfriará o mercado de trabalho, com a taxa de desemprego subindo a cerca de 4,00% e 4,25%.

O dirigente também defendeu que o Congresso e o governo precisam garantir o aumento da teto da dívida. De acordo com ele, não há nada que o Fed possa fazer para proteger a economia americana de um eventual calote da dívida.

<b>Crédito e recessão</b>

Williams afirmou também ver sinais de aperto do crédito nos Estados Unidos, em meio a turbulências em bancos regionais. Disse ainda que o movimento deve desacelerar o crescimento da maior economia do planeta, mas sem força para empurrá-la a um quadro de recessão.

No entendimento dele, os eventos podem limitar a trajetória ascendente dos juros. "Estarei particularmente focado em avaliar a evolução das condições de crédito e seus efeitos sobre as perspectivas de crescimento, emprego e inflação", ressaltou.

Williams avaliou que a fase mais aguda das tensões bancárias, em março, já passou. Para ele, o sistema bancário é "resiliente", apesar de novos estresses recentes.

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