Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly afirmou que há um conflito entre as metas de estabilidade de preços e pleno emprego da entidade, e com as fortes leituras de inflação nos EUA, é possível que o BC americano tenha que acelerar o ritmo da redução das compras de bônus – processo conhecido por <i>tapering</i> – e montar um plano para aumentar os juros no país.
Durante evento organizado pelo Instituto Peterson nesta quinta-feira, Daly disse ser prematuro tentar adivinhar onde a taxa de juros irá parar ao fim do ciclo de aumentos, uma vez que os efeitos da pandemia, como gargalos na cadeia de suprimentos, não devem persistir por muito mais tempo.
Os comentários de Daly reiteram o que disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em audiências no Congresso dos EUA nesta semana.
O presidente da distrital de Richmond do BC, Thomas Barkin, também participou do evento desta quinta e disse apoiar a normalização monetária feita pela autoridade monetária.
Elemento mais importante para medir a saúde do mercado de trabalho no momento, segundo Daly, a alta salarial nos EUA é puxada pela pressão em setores que pagam menos, disse Barkin. Ele ainda alertou que trabalhadores com grau mais alto de especialização também podem começar a pressionar por melhores salários e benefícios em breve, adicionando mais pressão ao mercado de trabalho americano.
Daly, por outro lado, adotou visão mais otimista ao afirmar que não espera um prolongamento da escassez de mão de obra ou dos gargalos na cadeia de suprimentos que afetam a inflação. Para ela, a estabilidade das expectativas inflacionárias de longo prazo nos EUA mostram que há confiança no Fed, enquanto a parcela deslocada da população deve, eventualmente, voltar à força de trabalho.