Em meio às diligências da Operação Fim da Linha – investigação sobre duas quadrilhas que lavam dinheiro do PCC através de empresas responsáveis pelo transporte de cerca de quase 700 mil passageiros diariamente na capital paulista – a Polícia Militar e o Ministério Público de São Paulo apreenderam dois fuzis, uma submetralhadora, duas pistolas e um revólver. Segundo a PM, três das quatro ordens de prisão expedidas no bojo da Operação já foram cumpridas. Além disso, um suspeito foi preso em flagrante por porte de arma. Ao todo, os investigadores vasculharam 52 endereços ligados a 39 investigados e 13 empresas.
As diligências foram cumpridas na capital e nas cidades de Guarulhos, Barueri, Cotia, Mauá, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Guarujá, Itu, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e São José dos Campos.
As ordens foram expedidas pelos juízos da 1ª e 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de São Paulo. Além disso, foi determinado o bloqueio de mais de R$ 600 milhões em bens dos investigados da Fim da Linha.
A ofensiva também conta com apoio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Receita Federal. Para o cumprimento das diligências, foram mobilizados 64 integrantes da Promotoria, 43 agentes do Fisco e um efetio de 340 PMs, utilizando 106 viaturas.
Armamento encontrado na casa de dirigente de empresa de ônibus de SP, alvo de operação do MP — Foto: Divulgação/MP
Ao todo sete companhias estão na mira das investigações da polícia e do Ministério Público, conforme revelou o Estadão em fevereiro. Juntas, elas são são responsáveis pelo transporte de 27,5% dos passageiros de ônibus da capital e receberam R$ 2 bilhões da Prefeitura só em 2023, sendo que três delas assinaram oito novos contratos e embolsaram R$ 860 milhões em repasses do sistema depois da abertura dos mais recentes inquéritos sobre a ação do PCC no setor. Esse é praticamente o mesmo valor pago pela Prefeitura só à maior das sete investigadas, a Transwolff, em 2023: R$ 748 milhões. Ela transporta 15 milhões de passageiros em média por mês na capital, enquanto a UPBus leva 1,68 milhão.
A caixa do Pandora
Entre os diretores de empresas que tiveram a prisão decretada estão o presidente da Transwolff, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora. Ele foi detido em casa. Trata-se de um personagem conhecido da polícia e da política paulistana. Atua no setor há quase três décadas, desde o aparecimento dos perueiros clandestinos na capital, em meados dos anos 1990.
Em 2006, ele teria participado da tentativa de resgate de Nivaldo Eli Flausino Alves, o Branco, irmão de um dos chefes do PCC: Antonio José Muller Junior, o Granada. Além disso, ele teria como aliado na empresa Róbson Flares Lopes Pontes, que também teve a prisão decretada. Flares é irmão de Gilberto Flares Lopes Pontes, o Dinamarca, um dos alvos da Operação Sharks e ex-integrante da cúpula do PCC, morto em 2021. Pandora, Flares e os demais são acusados de extorsões, apropriações indébitas, ameaças e fraudes em licitações, tudo no âmbito de uma organização criminosa ligada ao PCC.