Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) reafirmaram na reunião de política monetária de 1º e 2 de novembro o forte compromisso de retornar a inflação à meta de 2%. Segundo informações da ata do encontro entre os dirigentes, divulgada nesta quarta-feira, 23, os membros notaram que a inflação recente está mais persistente que o previsto.
O documento pontua que a inflação permaneceu elevada, refletindo os desequilíbrios entre a oferta e a demanda, com a guerra na Ucrânia e eventos relacionados. Em meio à crise geopolítica, os dirigentes observaram que há o risco de um novo aumento de energia.
Os dirigentes também notaram que as pressões inflacionárias de curto prazo continuam altas, mas ponderaram que preços mais baixos de commodities ou a expectativa de menores pressões derivadas de restrições nas cadeias de suprimentos poderiam contribuir para uma inflação mais baixa a médio prazo.
Com a inflação permanecendo alta e mostrando poucos sinais de moderação, os dirigentes observaram que "um período de PIB abaixo da tendência do crescimento seria útil para equilibrar a oferta e a demanda, reduzindo as pressões inflacionárias".
<b>Possibilidade de recessão</b>
A equipe do Federal Reserve avaliou em novembro que os riscos para sua projeção para a atividade foi desviadas para o lado negativo, e que, a possibilidade de a economia entrar em recessão em algum momento durante o próximo ano, é quase tão provável quanto o seu cenário base. As visões também constam na ata do Fed relativa à última reunião da autoridade, na qual consta que a projeção para a atividade econômica dos EUA foi mais fraca do que a previsão de setembro.
Com a inflação persistentemente alta, o corpo técnico continuou a ver os riscos para a projeção de inflação como enviesados para cima. "Para a atividade real, o crescimento lento do gasto interno privado real, a deterioração das perspectivas globais e o aperto das condições financeiras foram vistos como riscos negativos para a projeção da atividade, além disso, a possibilidade de que uma redução persistente da inflação pudesse exigir um aperto maior do que o presumido nas condições financeiras foi vista como outro risco negativo" pela equipe, segundo a ata.
<b>Mercado de trabalho</b>
Os dirigentes do Federal Reserve avaliaram na reunião de política monetária de 1º e 2 de novembro que o mercado de trabalho permaneceu muito apertado nos Estados Unidos, de acordo com ata do encontro. No entanto, muitos participantes notaram sinais preliminares de que o mercado de trabalho pode estar se movendo lentamente em direção a um melhor equilíbrio entre oferta e demanda, segundo a publicação.
Os sinais incluíram uma menor taxa de rotatividade de empregos e uma moderação no crescimento nominal dos salários. Os participantes anteciparam que os desequilíbrios no mercado de trabalho diminuiriam gradualmente e que a taxa de desemprego provavelmente aumentaria um pouco em relação ao seu atual nível muito baixo, enquanto as vagas provavelmente diminuiriam, afirma a ata.
Alguns participantes observaram que os empregadores em certos setores, como saúde, lazer e hotelaria, ou construção, enfrentaram escassez de mão de obra particularmente aguda e que essa escassez estava contribuindo para pressões salariais especialmente fortes nesses setores, diz o documento.
<b>Balanço patrimonial</b>
Na reunião de novembro, os dirigentes do Federal Reserve concordaram em seguir com a redução do balanço patrimonial.
A perspectiva é seguir conforme descrito em plano para redução do balanço, emitido em maio deste ano.
<b>Volatilidade dos mercados financeiros</b>
Os dirigentes do Federal Reserve apontaram também que as condições financeiras apertaram, em meio à volatilidade dos mercados financeiros. Na ata da última reunião de política monetária da autoridade, o Fed destaca que os mercados interpretaram as últimas publicações e comunicações da autoridade monetária como um compromisso por parte do Comitê de manter a política monetária restritiva.
O documento nota que o foco do mercado ficou no questionamento de quando o Fed iria reduzir o ritmo das taxas de juros, "à luz do aperto substancial das condições financeiras que ocorreu ao longo do ano".