Estadão

Disputa entre dissidência das Farc e ELN deixa 9 mortos na Colômbia

Confrontos nesta segunda-feira, 4, entre dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) deixaram 9 mortos e 5 feridos – fontes citadas pela imprensa colombiana falam em até 16 mortos. Os dois grupos disputam o controle de território no município de Puerto Rondón, no departamento de Arauca, perto da fronteira com a Venezuela.

Durante a Guerra Fria, Farc e ELN travaram uma guerra civil contra o Estado para implantação do socialismo na Colômbia. Nos anos 90, no entanto, a União Soviética entrou em colapso e a fonte de financiamento de grupos revolucionários no mundo inteiro secou. Sem dinheiro, as duas guerrilhas passaram a buscar recursos de outras fontes, principalmente no narcotráfico.

Com o tempo, Farc e ELN se tornaram, na prática, mais um elemento da cena do crime organizado da Colômbia. Os dois grupos foram considerados organizações terroristas pelos EUA e pela União Europeia. Em 2016, durante a presidência de Juan Manuel Santos, os guerrilheiros das Farc assinaram um acordo de paz para entregar as armas e participar da vida política da Colômbia.

<b>Dissidência</b>

No entanto, cerca de 2 mil combatentes não aceitaram o acordo e se mantiveram no negócio da cocaína. Embora sejam divididos em várias frentes, eles são comumente chamados de "dissidentes" das Farc.

O ELN tem uma trajetória semelhante – a diferença é que ele ainda não se submeteu a um acordo de paz. O diálogo com o governo foi suspenso após o atentado contra a Escola de Polícia de Santander, em 2019. O então presidente colombiano, Iván Duque, declarou a guerrilha um Grupo Armado Organizado (GAO).

Recentemente, o presidente Gustavo Petro retomou o diálogo com o ELN, com mediação de Cuba, México e Venezuela. Em junho, em Caracas, os guerrilheiros aceitaram um acordo de cessar-fogo com o governo – mas não com grupos rivais. Por isso, o grupo segue atuando ao lado de outras organizações criminosas.

<b>Disputa</b>

Fugindo da repressão na Colômbia, Farc e ELN buscaram refúgio do outro lado da fronteira, na Venezuela. O isolamento de Arauca, a crise venezuelana e a falta de presença do Estado tornam a região um território propício para o tráfico de cocaína e de minerais extraídos ilegalmente.

Outra fonte de receita importante na região é o tráfico de pessoas, migrantes que cruzam clandestinamente da Venezuela para a Colômbia. O dinheiro recebido pelo ELN para facilitar a passagem torna o controle da fronteira uma questão estratégica para o grupo.

O confronto mais recente começou no dia 30, segundo funcionários de Puerto Rondón. A razão foi uma tentativa do ELN, que controla a zona urbana, de entrar nas montanhas, dominadas pelos dissidentes das Farc.

Óscar Vanegas, promotor da cidade, contou que o confronto provocou o "deslocamento massivo" de moradores, que foram obrigados a buscar refúgio em zonas seguras. De acordo com ele, mais de 300 pessoas foram assassinadas na região desde janeiro de 2022.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram uma cena inusitada de um comandante dissidente das Farc pedindo ajuda humanitária para cuidar dos guerrilheiros feridos. Numa área de selva, cinco combatentes estão caídos no chão, três deles gravemente feridos. Omar Pardo, chefe dos dissidente das Farc, pede ajuda à Cruz Vermelha. "Não temos condições de cuidar deles, porque estão feridos", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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